Pela saúde, OMS prega o aumento do preço

A Organização Mundial da Saúde recomenda que os países aumentem o preço dos cigarros para diminuir o consumo. A ABCF e a Souza Cruz alegam queo aumento dos preços faz com que as pessoas procurem ainda mais o cigarro contrabandeado. Além de favorecer o acesso dos mais jovens ao mesmo.

O coordenador do Programa Nacional de Combate ao Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Ricardo Meirelles, acredita que o cigarro contrabandeado deve ser mais prejudicial à saúde do que os industrializados, apesar de não haver nenhum estudo oficial nesse sentido. Mas contesta o argumento da indústria do tabaco de que o aumento do preço não diminui o consumo.

– Se o cigarro comum já é um problema de saúde pública, já que das 4.700 substâncias do cigarro industrializado normalmente 60 são cancerígenas, imagina os contrabandeados – analisa Mairelles.

Mas todas as pesquisas apontam que, quando o preço do cigarro aumenta, o consumo cai. Agora, contrabandeado ou não, a verdade é que o cigarro leva à dependência.

Mortes

Segundo Meirelles, o cigarro mata cinco milhões de pessoas no mundo todos os anos – 200 mil no Brasil. O produto está associado a 50 doenças e as despesas com tratamento de câncer e doenças cardiovasculares chegam a R$ 338 milhões por ano.

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial com 1.221 consumidores habituais de marcas de cigarro contrabandeadas em sete capitais brasileiras e no interior de São Paulo mostra que a maioria dos consumidores fuma por causa do preço baixo, aliado à facilidade de encontrar o maço contrabandeado.

O consumidor é em sua maioria do sexo masculino e 84% pertencem às classes C e D. A média de cigarros consumidos por dia é de 18,3. Cerca de 75% dos consumidores estão com marca contrabandeada há mais de dois anos e 50% fumam marcas contrabandeadas há mais de cinco anos. (L.A.)

Fonte: Jornal do Brasil, 3/8/09