SP vai limitar trabalho de grávidas em escola e hospital

O governo de São Paulo vai limitar o trabalho das grávidas nas escolas e hospitais da rede pública do Estado por causa da gripe suína. As medidas deverão ser anunciadas hoje e o principal objetivo é restringir o contato de gestantes -mais vulneráveis ao vírus H1N1- com o público.

Uma das propostas em estudo é a transferência de grávidas para serviços administrativos, reduzindo o risco de contaminação. A ideia é, por exemplo, tirar as professoras de 1ª a 4ª séries das salas de aula, acomodando-as em outras áreas.

A mesma lógica deverá ser aplicada nos hospitais e postos de saúde e se estender a todo o serviço público: as grávidas deverão ser retiradas do serviço de atendimento. Na administração do Estado, essa será uma regra. Para o setor privado, uma recomendação.

As aulas na rede pública de SP serão retomadas no próximo dia 17 e, segundo o governo, não deverão ser novamente adiadas. A decisão levou em conta o fato de a temperatura ter subido nos últimos dias.

Ontem, técnicos da Secretaria da Saúde se reuniram para discutir como viabilizar as medidas em cada caso. Por exemplo: uma enfermeira grávida deve ser afastada do serviço de triagem de pacientes num hospital. Mas a transferência é dispensável caso trabalhe numa UTI cardiológica, onde não há pacientes gripados.

A secretaria não sabe informar ao certo quantas grávidas trabalham nas redes públicas de saúde e de educação.
Dados divulgados pela Secretaria da Saúde mostram que das 69 mortes registradas em São Paulo até sexta-feira por causa da nova gripe, 13 eram grávidas. Em todo o país, são ao menos 203 mortes.

O Estado não divulga o número de gestantes internadas em SP. Na última sexta, o secretário Luiz Roberto Barradas Barata (Saúde) afirmou que o número é “grande”.

A secretaria já havia decidido manter as gestantes que estão internadas nos hospitais estaduais com suspeita ou confirmação de gripe suína no Hospital das Clínicas, onde há especialistas mais adequados. “Estamos preocupados porque não é o habitual da gripe [comum]”, disse o secretário.

Infectologistas não sabem ao certo por quais motivos as grávidas são mais susceptíveis à gripe. O que se sabe é que, durante a gravidez, a imunidade da mulher fica mais baixa.(reportagem local de Catia Seabra)

Doença é mais letal a partir do 7º mês de gravidez

A maioria das grávidas que morreu ou apresentou quadro grave decorrente da gripe A (H1N1) no mundo estava no terceiro trimestre da gravidez (entre sete e nove meses de gestação). O mesmo acontece no Estado de SP, segundo o secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.

De acordo com Esper Kallas, infectologista da USP, uma das hipóteses para isso é que o crescimento do bebê nos últimos meses da gravidez empurra o diafragma para cima, diminuindo o espaço para que o pulmão se expanda na respiração.

O secretário estadual da Saúde concorda. “Como a grávida nesse período fica com uma capacidade pulmonar menor, ela tem mais falta de ar e acaba morrendo com mais facilidade”, afirma. O fato se torna ainda mais crítico para elas porque a gripe suína compromete mais o pulmão do que a gripe comum, explica ele.

Fonte: Folha de S. Paulo, 11/8/09