Neurocientistas identificam proteína que reverte Alzheimer em ratos

Jornal CGN

Neurocientistas do Instituto Picower para Aprendizado da Memória do MIT, nos Estados Unidos, descobriram que a superprodução da proteína conhecida como p25 pode ser a culpada pelas proteínas que se acumulam no cérebro de pacientes de Alzheimer. O trabalho, publicado no último dia 10 de abril, pode permitir novos tratamentos para a doença que afeta mais de cinco milhões de pessoas só nos EUA.

Os agrupamentos anormais de fragmentos dessas proteínas, conhecidas como placas de beta-amilóide, são tidos como os responsáveis pelos problemas cognitivos, de morte celular e perda de tecidos associados ao Alzheimer. Em estudos anteriores, a proteína p25 tinha sido relacionada à criação e ao acúmulo de beta-amilóides, mas, até agora, o papel de p25 na patologia de Alzheimer não havia sido bem compreendida.

“Essa proteína parece ajudar a manter a atividade normal do cérebro, mas também faz parte de um ciclo de resposta com as beta-amilóides. Ela gera as placas que, por sua vez, aumentam os níveis de p25”, explica Li- Huei Tsai, pesquisador do estudo, que é coordenado Jinsoo Seo, um associado de pós-doutorado no Instituto Picower.

Os níveis elevados de p25 no cérebro foram documentados após a exposição a estímulos neuro-tóxicos, como estresse oxidativo e beta-amilóides. “Neste estudo, pela primeira vez, demonstramos que uma variedade de atividades fisiológicas geram p25 neuronais no hipocampo, onde as memórias são codificadas no cérebro”, explica Tsai.

Para delinear os papéis precisos da p25, o laboratório de Tsai gerou um modelo de camundongo transgênico, o que permitiu aos pesquisadores evitar a produção da proteína p25 sem alterar outras proteínas com funções essenciais no desenvolvimento do cérebro.

Os pesquisadores descobriram que a p25 é necessária para a plasticidade sináptica e a capacidade de conexões do cérebro de mudar ao longo do tempo, especialmente para o processo chamado de depressão em longo prazo (LTD, na sigla em inglês). Tal comportamento enfraquece seletivamente os conjuntos de sinapses e está associada com a perda da memória.

A equipe de Tsai observou que os ratos incapazes de gerar a p25 poderiam aprender novas tarefas e assimilar memórias normalmente. No entanto, quando os pesquisadores começaram a abordar a perda da memória, eles logo notaram que os ratos têm dificuldades com a substituição de memórias mais antigas com as mais recentes.

“Esta descoberta não só aumenta a nossa compreensão da p25 em funções sinápticas, mas também explica o mecanismo subjacente da depressão sináptica excessiva observada no cérebro do paciente com Alzheimer”, diz Seo. “Esta descoberta levou-nos a questionar se o bloqueio da geração de p25 poderia mitigar fenótipos patológicos no cérebro com Alzheimer”, reafirma Tsai.

No modelo de rato com a doença de Alzheimer, a inibição da produção da proteína p25 estava relacionada com a melhoria da função cognitiva, a formação de placas muito reduzidas e inflamação neural – características do Alzheimer. Os resultados mantêm a esperança de que uma droga que regula os níveis de p25 poderiam beneficiar pacientes com a doença, melhorando a função cognitiva e, talvez, atrasando o desenvolvimento da patologia cerebral, de acordo com Tsai.