Nota: Cebes repudia submissão da OMS aos interesses privados

CEBES repudia a submissão da Organização Mundial da Saúde (OMS) aos interesses privados e a presença de Melinda Gates, da Fundação Bill e Melinda Gates (BMGF), como oradora principal da 67a Conferência Mundial de Saúde

O CEBES manifesta sua preocupação e critica a subordinação da Organização Mundial de Saúde (OMS/WHO) aos financiadores privados em detrimento da força de decisão multilateral dos povos representados pelos seus governos na Assembleia Mundial de Saúde em Genebra. Crescem as manifestações mundiais contra a subordinação da OMS aos interesses de grandes corporações internacionais da área farmacêutica e de monopólios de alimentos.

São até agora três Assembleias Mundiais de Saúde cujas sessões de abertura são conduzidas pela Família Gates, onde O Senhor Bill Gates e a Senhora Melinda Gates fazem seus pronunciamentos para os representantes de países que compõem as reuniões multilaterais que acontecem em Genebra. O discurso de abertura da reunião de 2014 sucede as aberturas das reuniões de 2005 e 2011.

O CEBES aponta a subordinação da OMS aos interesses privados que se colocam contrários às necessidades mundiais de acesso Universal Público e Gratuito aos cuidados de saúde. A maior pressão realizada hoje por interesses privados na saúde se dá na proposta de cobrança pelo acesso a serviços que é propagandeada pela sigla “CUS” (Cobertura Universal de Saúde) onde seguradoras privadas reivindicam receber fundos governamentais que comprem a cobertura de pacotes para assistência primária de saúde a populações carentes. A proposta do CUS se opõe aos Sistemas de Direito Universal à Saúde providos gratuitamente por governos nacionais.

O Conflito de Interesses da Família Gates com a OMS se dá visivelmente nas áreas de monopólios de alimentos danosos à saúde e de produção farmacêutica. A Fundação Bill e Melinda Gates (BMGF) investe em monopolistas mundiais como Mcdonalds, Coca-Cola, e General Mills y Kraft que são promotores mundiais de alimentos hipercalóricos com excesso de açúcar e gorduras, além de cereais e grãos transgênicos baseados no monopólio de sementes que dependem fortemente do consumo de agrotóxicos. Os interesses de vender e monopolizar esses alimentos promovem desequilíbrios alimentares ligados à epidemia mundial de obesidade que ataca crianças e adolescentes de todo o mundo depois de ter levado mais de 50% da população adulta ao sobrepeso nos países centrais. No ramo imunoquímico e farmacêutico, a Família Gates investe e promove os interesses das grandes corporações Merck, Novartis, Pfizer, e já investiu também nos conglomerados industriais Johnson & Johnson, Schering–Plough, Eli&Lilly, e Wyeth, que pressionaram fortemente a Assembleia Médica Mundial para retirar direitos éticos de populações pobres do mundo em receberem tratamento quando são objeto de testes clínicos de novos medicamentos sobre grupos vulneráveis.

O interesse dos vendedores de tecnologias de equipamentos e medicamentos não coincide com o das populações que hoje não têm acesso a cuidados de saúde em inúmeros experimentos clínicos e nos altos preços de medicamentos com patentes exclusivas que, de um lado usam populações pobres para testar, e de outro cobram altos preços para lhes vender medicamentos necessários ao controle de epidemias como Malária e AIDS. Por esse motivo, a repetição dos convites de discursos de abertura para o Senhor e Senhora Bill e Melinda Gates representa a subordinação da OMS ao interesse corporativo privado gerando o conflito de interesses entre os governos mundiais e os financiadores que passam a dominar os mecanismos de resoluções internacionais sobre mecanismos de promoção, proteção e recuperação da saúde dos povos.

Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – CEBES

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