Coragem política para não deixar ninguém para trás – CEBES-SP

Stephan Sperling, membro do Núcleo SP do Cebes

 

Vivemos um momento extremamente pernicioso para os avanços que se fazem necessários em nosso Sistema de Saúde, agravado pela fratura do Regime Democrático e pela solução de continuidade em direitos e garantias históricos. Como regulamentar incorporação tecnológica e prevenir contatos nocivos de pessoas com a propedêutica armada se a saúde como direito humano segue desregulamentada na qualidade de mercadoria? Como pautar a Atenção Primária à Saúde, estruturante para o Sistema, único nível de atenção capaz de orientar a universalidade do cuidado, bem como suas integralidade e equidade, através do acesso de todas e todos, racionalizado as necessidades individuais, se o corporativismo e a fração das especialidades focais despreocupam-se dos princípios fundantes do Sistema?

 

É de Michel Sidibé, Diretor Executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV / AIDS, a assertiva de que apenas coragem política diante das agendas globalizadas postas para (e contra) os Sistemas Universais é que impedirá desassistência e iniquidade em saúde. Martin McKee, médico internista e especialista em saúde pública inglês, por sua vez, aponta firmemente: “a saúde pública pode ser subvertida por políticos autoritários”.

 

De Nikolai Semashko a William Beveridge, a história acumula disputa pelo que, de fato, significa promover universalidade ao cuidado integral humano. Sendo assim, entre tibieza política e arbitrariedade gestora, entre golpe contra o Regime Democrático e desregulamentação do direito à saúde, cabe-nos, uma vez mais, manter os pés no asfalto e a boca aberta, em denúncia. Cabe-nos produzir o melhor e o mais justo. Cabe-nos resistir, finalmente, porque ambicionamos para a saúde mesmo projeto civilizatório que para o Brasil.

 
A fala de Stephan Sperling, que representou o Cebes na 292 R.O do CNS, inicia no instante 11`37“.