Núcleo Cebes Bahia participa de atividade com o MST

Entre os dias 22 e 24 de setembro aconteceu o Encontro Estadual do Setor de Saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra da Bahia, que contou com a participação de diversos atores sociais, inclusive o Núcleo Cebes Bahia, para debater a saúde popular e a luta pela democracia!.

 

Participar dos espaços de formação do MST é sempre uma grande oportunidade de aprendizado. Um dos aspectos mais interessantes ao discutir saúde com eles é perceber como as ideias de Reforma Agrária Popular e de Saúde Popular carregam princípios similares aos defendidos também pelo Movimento da Reforma Sanitária Brasileira (MRSB). Além deles evidenciarem uma perspectiva ampliada de saúde que considera a qualidade da alimentação e água, do acesso à terra, moradia, lazer, etc; eles trouxeram a importância de um sistema que garanta o acesso a todas as pessoas, sem qualquer tipo de preconceito.

 

Essa defesa dialoga com importantes princípios do SUS que são a universalidade, a igualdade e a integralidade. Em resumo, a impressão que foi deixada é que as lutas desses movimentos podem vir com nomes diferentes, mas os propósitos são comuns e os enfrentamentos podem ser produzidos de maneira articulada.

 

Apareceu também nas falas a crítica de como o latifúndio não está preocupado com a saúde das pessoas que consomem seus produtos, muitos deles transgênicos e/ou banhados por agrotóxicos. Pode ser um produto “mais barato” na prateleira do supermercado, mas as consequências para a saúde tornarão essa escolha muito “mais cara” no futuro.

 

Nos debates alguns dos participantes também fizeram críticas à lógica adotada em muitas abordagens do sistema de saúde focado mais na doença do que no cuidado com a saúde. Afirmaram que não adiantaria ter todo o dinheiro do Brasil aplicado na saúde, pois seria insuficiente enquanto prevalecer um modelo baseado na doença e com grande transferência de recursos para o setor privado que tem como prioridade o lucro e não o cuidado.

 

Outra questão fundamental para o MST é a difusão das práticas integrativas e aqui cabe questionar se o modelo de saúde hegemônico possibilita o diálogo entre a racionalidade científica e o conhecimento tradicional, construído ao longo dos séculos. Sem uma discussão séria sobre as possibilidades de complementação entre as práticas integrativas e a racionalidade científica, permaneceremos em uma condição de total desrespeito a um dos importantes princípios do SUS: a autonomia dos sujeitos para discutir com os profissionais de saúde o tipo de cuidado que poderia trazer os melhores resultados. Isso não significa escolher entre um jeito ou outro, mas entender como essas práticas se complementam e como podem ser melhor aplicadas, visando o melhor cuidado para cada pessoa.

 

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Centro Brasileiro de Estudos em Saúde

Núcleo Cebes – BA