“Pela retomada do espírito de 88  e não à liquidação da Constituição cidadã de 88”

A atividade cultural do V Simpósio do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) deu o tom ao evento, que teve como norte “Austeridade, injustiça social e precarização da saúde”. Os membros da entidade se reuniram em Belo Horizonte, de 24 a 26 de novembro, para reafirmar a importância da “Problematização do presente” como instrumento de conhecimento que permite a construção do futuro. “É pra isso que o Cebes vive; é para isso que o Cebes existe”, entoaram representantes dos núcleos e da diretoria do Cebes em uma ciranda no segundo dia do encontro.

 

O V Simpósio coroou o trabalho realizado nos últimos dois anos, que teve Cornelis van Stralen como presidente e abriu um novo ciclo com a eleição da diretoria que estará à frente da entidade pelos próximos dois anos. A nova presidenta para o período será Lucia Souto, médica Sanitarista e Pesquisadora do Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) e deputada estadual por dois mandatos pelo Rio de Janeiro.

 

“O simpósio do Cebes realizado em BH expressou de forma consistente o amadurecimento de nossa construção democrática. A participação de núcleos na organização de pré simpósios foi  fundamental para a realização de um processo participativo, confluindo para a eleição de uma diretoria num processo leve e politicamente denso”, avaliou Lucia sobre o Simpósio.

 

Já o novo vice-presidente será Heleno Correa, representante do Cebes em Brasília.  Médico graduado pela UnB, doutor em saúde pública pela USP/FSP, PD-fellow junto à John Hopkins-JHBSPH e livre docente em epidemiologia pela Unicamp. Atualmente é pesquisador junto ao Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB.

 

Futuro

 

Problemas como o diálogo com a sociedade, posicionamento e articulação institucional, conjuntura política e o futuro do Cebes foram temas nas discussões: “Temos consciência do momento crucial em que vivemos pós golpe de 2016, com a liquidação da Constituição de 88, um verdadeiro processo constituinte sem povo, de destruição dos direitos universais de cidadania, soberania nacional e da democracia. São desafios civilizatórios, mas estamos conscientes de nossas responsabilidades e, nos inspira a  longa e histórica contribuição do CEBES na luta pela democracia e direito universal à saúde em nosso país.”, afirmou a presidenta eleita.

 

Integrantes de movimentos sociais, entidades civis, professores e estudantes universitários e intelectuais estiveram presentes.

 

A nova diretoria toma posse em 02 de janeiro de 2018, com o compromisso de seguir promovendo e estimulando o debate sobre democracia, saúde e direitos humanos num ano que poderá ser chave para as conquistas sociais no Brasil.

 

Primeiras palavras

 

Em sua primeira declaração ao portal do Cebes, Lucia Souto cravou: “Seremos intransigentes na defesa do SUS constitucional, público, da  saúde como direito universal de cidadania, como política pública estratégica para o enfrentamento das desigualdades ancestrais  e para um projeto de país e civilização, fundado nos direitos sociais e humanos de cidadania, feminista, libertária, antirracista, compartilhada e radicalmente democrática. Pela retomada do espírito de 88  e não à liquidação da Constituição cidadã de 88”.