Previsões terraplanistas sobre a Covid-19 no Brasil têm validade?

artigo de Naomar Almeida-Filho, vice-presidente da Abrasco, originalmente publicado na sua página de facebook e no site da entidade

No início da pandemia da COVID-19, o deputado federal, ex-ministro e médico Osmar Terra deu uma série de entrevistas a vários veículos de comunicação. Numa entrevista concedida à Rádio Jovem Pan em 26 de março deste ano, sem constrangimentos, apresentou-se como um dos maiores conhecedores de infectologia e epidemiologia do Brasil. Num esforço de autopromoção como expert capaz de rapidamente resolver a profunda crise sanitária atual (lembrem que naquele momento o então Ministro Mandetta balançava no cargo), o ex-ministro exibiu seu suposto sucesso como ex-Secretário da Saúde do RS e alegou ter livre acesso a “infectologistas e epidemiologistas importantes”. Naquela entrevista, como veremos abaixo, expôs uma versão própria da teoria de transmissão viral e fez previsões epidemiológicas com níveis inéditos de precisão.

Disse ele: “eu sei do que estou falando. […] Eu conheço os mecanismos da virose. […] Pouquíssimas pessoas no Brasil têm a experiência que eu tenho para falar o que eu estou falando. E eu estou dando prazo, eu estou dizendo números, eu duvido que alguém que está pregando a quarentena te dê algum prazo e algum número. […] Estou dizendo que (a crise sanitária da pandemia) não vai acontecer. Eu posso me desmoralizar daqui a um mês, (mas só) estou dizendo isso porque tenho certeza.

No dia de hoje, 26 de abril, um mês depois das afirmações do ex-ministro, é pertinente verificar a validade de suas previsões com “prazo e número”.

1- Pandemia da COVID-19 será rápida no Brasil

Para o Sr. Terra, a pandemia da COVID-19 seria de curta duração no Brasil, tendencialmente auto resolvida. Em suas palavras: “a epidemia vai aumentar muito agora nos próximos dias, […]. As pessoas não precisam se assustar com isso. Vai chegar num teto em três semanas [seguindo…] uma lógica matemática. Essa epidemia viral vai dar o pico […] na sexta semana mais ou menos. O Hospital Albert Einstein fez o cálculo da curva brasileira para atingir o teto entre a primeira e a segunda semana de abril […] E depois vai começar a diminuir.” Sendo preciso: para o ex-ministro, no dia 13 de abril, início da Semana Santa, 21º dia da pandemia, a curva epidêmica deveria alcançar seu pico e a incidência da COVID-19 começaria a decrescer.

Vejamos acima o gráfico comparativo das curvas epidêmicas dos países da América do Sul, atualizado para a data de hoje, tendo como fonte dados do CDC/União Europeia. No dia 13 de abril, data prevista pelo ex-ministro como pico da curva epidêmica, verifica-se justamente o começo de uma aceleração da velocidade de crescimento da pandemia no Brasil. Em vez de estabilizar sua curva epidêmica e começar a decrescer o coeficiente de mortalidade por COVID-19, a partir dessa data o Brasil se distancia ainda mais de países do continente que tiveram sucesso em manter a epidemia sob controle, como o Chile, e mesmo “achatar” a curva, como a Colômbia e, notavelmente, a Argentina.

Mesmo hoje, na última semana de abril, infelizmente não há qualquer sinal de termos atingido o pico da curva epidêmica. O Brasil entra no 45º dia da pandemia acelerando mais ainda o crescimento da sua curva, quase alcançando 60 mil casos confirmados, com mais de 4 mil óbitos; e pior, há fortes indícios de que tais dados são muito subestimados pelo sistema de notificação e pela testagem limitada. Somente nos três últimos dias foram confirmados 12.752 casos novos e 1.110 óbitos por COVID-19 no Brasil. Em cidades e Estados onde a epidemia encontra-se em estágio inicial observa-se significativa aceleração das curvas epidêmicas, sinalizando que, mesmo quando alcançar seu ápice nos focos epidêmicos iniciais, a epidemia ainda estará em trajetória ascendente em outros lugares, alcançando cidades de menor porte e zonas do interior, em todo o país.

2- A imunidade espontânea vai controlar a pandemia no Brasil

O ex-ministro Terra explica suas previsões e prescrições para uma regressão espontânea da pandemia da COVID-19 no Brasil, da seguinte forma: “Por que diminui o contágio de um vírus que não tem tratamento e não tem vacina? […] Por um motivo muito simples, porque ele contamina a população inteira. Quando ele bate no pico, já tem mais de 50% da população com anticorpos. [Alguns] vão sentir tosse, ter febre, vão fazer o diagnóstico de coronavirus e tal. Dezenas de milhões de brasileiros vão ter anticorpos pro vírus. […] Aí começa a cair a contagem do vírus, porque não consegue mais progredir geneticamente. [isso…] Se chama efeito rebanho em epidemiologia. As pessoas que estão com anticorpos [formam] uma barreira […] E protegem as pessoas que não tem anticorpos ainda. O vírus bate nelas e morre. Ele não consegue ir progredindo e ir contaminando. Então é isso que faz parar a epidemia.

Além de contribuir para uma teoria terraplanista do fenômeno sociobiológico da imunidade coletiva, o ex-quase Ministro da Saúde pretende aqui inovar as bases fisiopatológicas da COVID-19 a partir de analogias com outras viroses. Para fazê-lo, ressuscita a ultrapassada e anacrônica noção de “efeito rebanho” e, em sua entrevista, fala também em “efeito manada” (não tenho a menor ideia do porquê dessa fixação em temas bovinos). Traz ainda sua alegada experiência no controle da epidemia de H1N1, em 2009. Mas a experiência do autodeclarado infecto-epidemiologista será nesse caso inútil e o conduz ao equívoco.

O H1N1 é um subtipo de mixovírus, causador da doença chamada Influenza A, da mesma família de vírus que causou a tristemente célebre pandemia de 1918 e de várias infecções que se classificam como gripes aviárias (incluindo H5N6, H5N8, H7N3 e outros agentes virais). Ocorre que a COVID-19 é causada por outra família de agentes virais, os betacoronavírus, que inclui SARS-Cov e MERS-Cov, agentes respectivamente das epidemias de 2003 e de 2012. Os parâmetros de imunidade, infectividade, patogenicidade, virulência e letalidade são bastante diversos entre diferentes agentes virais e essa diversidade contraindica a mera transferência de modelos para o entendimento das respectivas dinâmicas de contágio e controle de eventuais processos epidêmicos. O CDC não recomenda tomar decisões sobre controle de contágio com base em analogias, conforme segue: “A resposta imunológica à COVID-19 ainda não é bem compreendida. É improvável que pacientes com infecção pelo MERS-CoV sejam reinfectados logo após a recuperação, mas ainda não se sabe se uma proteção imunológica semelhante será observada para pacientes com Covid-19.

Conforme o mais atual Scientific Brief da OMS: “Até 24 de abril de 2020, nenhuma pesquisa conseguiu avaliar se a presença de anticorpos ao SARS-CoV-2 confere imunidade à infecção subsequente por esse vírus em humanos.” Anteontem, o Editorial do New England Journal of Medicine, um dos periódicos médicos de maior credibilidade no mundo, afirmava: “Quando a Covid-19 entrou no cenário global, as autoridades de saúde pública inicialmente implementaram intervenções que foram usadas para controlar a síndrome respiratória aguda grave (SARS) em 2003, incluindo detecção de casos baseados em sintomas e testes subsequentes para orientar isolamento e quarentena. Essa abordagem inicial foi justificada pelas muitas semelhanças entre SARS-CoV-1 e SARS-CoV-2, incluindo alta relação genética, transmissão principalmente através de gotículas respiratórias e a frequência de sintomas respiratórios mais baixos (febre, tosse e falta de ar) com ambas as infecções desenvolvendo uma mediana de 5 dias após a exposição. No entanto, apesar das intervenções de controle semelhantes, as trajetórias das duas epidemias tomaram direções dramaticamente diferentes. Em 8 meses, a SARS foi controlada após o SARS-CoV-1 ter infectado aproximadamente 8.100 pessoas em áreas geográficas limitadas. Em 5 meses, o SARS-CoV-2 infectou mais de 2,6 milhões de pessoas e continua a se espalhar rapidamente pelo mundo.

3- Baixa mortalidade da COVID-19 no Brasil

Eis a previsão feita pelo autopromovido epidemiologista para a mortalidade por COVID-19, que ele chama de “letalidade”: “Nós já sabemos como é que o vírus vai se comportar, […] (Temos) Toda uma experiência da China, […]. Então sabemos já a letalidade. Esse vírus vai matar muito menos gente do que matou o H1N1. […] Esta epidemia é muito menos letal que a epidemia do H1N1. No ano de 2019, morreram 790 pessoas de H1N1 no Brasil. Eu não sei se o coronavírus vai matar tanta gente, talvez o dobro disso, mas é muito menos do que morreu de H1N1 em 2009. […] Pode ser que não chegue a pouquinho mais do que se morre no Rio Grande do Sul no inverno por gripe sazonal. Só no inverno do ano passado, nos Estados Unidos morreram 40 mil pessoas de influenza. Agora lá não vai morrer 1/8 disso de coronavirus. […] Nós não podemos deixar é quebrar o país por causa de uma epidemia que talvez tenha menos vítimas que a influenza vai ter no ano todo”.

Vamos aos números. Em 2009, ano da epidemia de influenza A, foram registrados 2.060 óbitos por H1N1 em todo o Brasil. O ex-ministro Osmar Terra previu que, durante toda a epidemia de COVID-19, o Brasil teria no máximo 1.580 mortos (2 x 790) e os EUA alcançariam cinco mil óbitos (1/8 de 40 mil). Nesta data de hoje, no 54º dia de pandemia, os EUA acumulam exatos 51.017 mortos (10 vezes mais que o previsto pelo Sr. Terra). Nesta data, em apenas um mês e meio da epidemia de COVID-19, o Brasil recém ultrapassou os 4 mil óbitos, duas vezes mais que todo o ano da epidemia de influenza A de 2009 e cinco vezes mais que todos os óbitos por H1N1 durante o ano de 2019. Em suma: os dados oficiais (que, todos concordam, ainda são subestimados) desmentem completamente todas as previsões de baixa mortalidade da COVID-19 no Brasil feitas pelo autoproclamado infecto-epidemiologista.

4- Patogenicidade de 0,5% do SARS-Cov-2 no Brasil

Nas entrevistas, o ex-ministro Osmar Terra insistentemente afirmava que a patogenicidade da COVID-19 e, por extensão, de todos os agentes virais, é extremamente baixa, quase inexistente, neste país tropical, abençoado por Deus. Ao fazê-lo, formulou uma previsão absurda, aqui em citação literal: “99,5% das pessoas que serão infectadas por este vírus e por qualquer outro vírus não terão sintomas. Elas simplesmente se vinculam ao vírus, formam resistência e não sentem nada. Só meio por cento vai sentir alguma coisa.” Não sei que fonte científica ou oracular teria fundamentado esta afirmação tão cheia de certezas, porém não é difícil verificar seu grau de validade.

Temas relacionados a infectividade, patogenicidade e virulência têm sido estudados em relação a muitas viroses, mas vamos nos ater à COVID-19. A testagem dos passageiros do cruzeiro Diamond Princess, que ficou quarentenado em Yokohama, foi o primeiro estudo a estimar a proporção de assintomáticos entre os infectados; encontraram 18%. Na China, em Shenzen, a proporção de assintomáticos numa amostra de casos e contatos foi respectivamente 20% e 29%. Em Wuhan, a testagem de cidadãos japoneses evacuados permitiu estimar a proporção de assintomáticos em 33,3% (IC 95%: 8,3%-58,3%). Na Islândia, entre os que testaram positivo num estudo clínico, 50% não tinham sintomas de coronavírus. Em Cingapura, pesquisadores identificaram sete grupos de casos de COVID-19 em que a transmissão pré-sintomática ocorreu em 44% dos casos diagnosticados. Até o momento, uma proporção de assintomáticos de 99,5%, afirmada pelo ex-quase-ministro, não foi relatada em nenhum estudo científico credenciado sobre a COVID-19, nem sobre qualquer outra virose conhecida. Com base nessas e em outras evidências, o diretor do CDC (Centers for Disease Control and Prevention), Anthony Fauci, recentemente estimou que a proporção de indivíduos infectados na população geral que são assintomáticos deve variar entre 25% e 50%, a depender do estágio da doença.

5- OMS e Imperial College não são confiáveis, CDC sim

Na matéria em pauta, o entrevistador mencionou um estudo do Imperial College de Londres que, segundo ele, teria feito “uma projeção para o Brasil: o isolamento social intenso evitaria 44 mil mortes”. O ex-ministro nem esperou o final da pergunta e disparou: “É bom para desmoralizar essa equipe do Imperial College, uma equipe sei lá se é de esquerda, alarmista desde o início. […] Estudo maluco aí desse Imperial College, […]. Para apavorar a população também.” O jornalista tentou argumentar: “mas todos os técnicos da OMS estão errados?” Retrucou o ex-quase-ministro: “A OMS não é referência. […] A OMS está muito politizada. O cara que é o diretor geral da OMS é do Partido da Liberação do Tigré da Etiópia, deram o golpe em cima do Selassié e controlaram o país até 2012, 2013. Eles são marxistas, leninistas e maoístas. A OMS já foi muito melhor. […] Eu quero falar com o CDC lá dos Estados Unidos, o centro de controle de doenças contagiosas, o maior centro científico do mundo.

O Imperial College London é uma universidade pública de pesquisa sediada na capital inglesa, criada em 1907. Sua escola médica, onde se realizou o estudo chamado de “maluco” pelo ex-ministro Terra, aparece como a 4ª melhor do mundo no ranking Times Higher Education de escolas médicas. O Imperial College conta com mais de 4 mil docentes e pesquisadores, incluindo cinco ganhadores do Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina. (Pode ser que, entre eles, alguns sejam esquerdistas, outros positivistas, alguns anglicanos, muitos torcedores do Arsenal certamente).

A Organização Mundial da Saúde é um organismo multilateral do sistema das Nações Unidas, criado em 1948 para coordenar assuntos de saúde, apoiando pesquisas e emitindo diretrizes. Com sede em Genebra, a OMS tem 141 escritórios nacionais que se reportam a seis órgãos regionais, como a OPAS. Compõe-se de 192 países-membros e congrega cerca de 8.000 cientistas, médicos, epidemiologistas, gerentes e administradores em todo o mundo. (Pode ser que, entre eles, alguns sejam marxistas, outros budistas, vários trabalhistas, quem sabe um punhado de anarcocapitalistas, leninistas, maoístas, trotskistas, peronistas).

Os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) de fato conformam uma importante rede de pesquisa no campo da saúde, sediada nos Estados Unidos, mas com abrangência global. Por esse motivo, além de usar dados oficiais, procurei fundamentar todas as análises das previsões acima em evidências credenciadas pelo CDC, uma vez que o próprio Sr. Osmar Terra declarou sua confiança preferencial no que chamou de “Centro de Controle de Doenças Contagiosas” – designação bastante antiga do organismo, modificada em 1970, após ampliar seu escopo para doenças não-transmissíveis, nutrição, saúde ambiental e programas de prevenção.

E nem vou comentar que, quando o Imperador Hailé Selassié (o Ras Tafari) foi destronado por um golpe militar, em 1974, o Diretor Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, tinha apenas nove anos de idade.

Epílogo

O autoproclamado infecto-epidemiologista disse ainda na entrevista que controlar a pandemia “Não tem nada a ver com fechar escola, não tem nada a ver com fechar shopping, com proibir ônibus. […] a epidemia na Itália explodiu quando forçaram todo mundo a ficar em casa. […] tem que proteger as pessoas que estão mais debilitadas, que têm doenças crônicas. Esse é o grupo que tem que ser isolado”. Afirma que, dessa forma, está representando “a posição do Presidente Bolsonaro, baseada em evidências científicas, nas informações do Ministério da Saúde, que defende o isolamento vertical.

Essa noção de “isolamento vertical” desde o começo me provocou estranheza, porque em quatro décadas de carreira científica na epidemiologia nunca soube da existência, no repertório conceitual de nosso campo, de qualquer conceito dessa natureza, um tipo esquisito de quarentena invertida, aplicada aos suscetíveis e não aos contaminantes. Mais intrigado fiquei com a ideia de um oposto não-simétrico, um tal de “isolamento horizontal”. Ainda mais surpreso fiquei quando um Ministro da alta corte do judiciário chegou para resolver a pendência (seria ideológica?) mediante uma terceira via, criando um tal de “isolamento diagonal”! Com estranheza, intrigado, surpreso, saí a campo para investigar como se havia gerado tal perversão semântica. Serão estes os primeiros conceitos de uma epidemiologia terraplanista?

Referência:

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