Eleições municipais: um momento de reconstruir o Brasil

Lúcia Souto, presidenta do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES)

As eleições municipais acontecem num momento de grande turbulência em nosso país. Com a pandemia da Covid-19 ficou evidenciado o fracasso retumbante do projeto ultraneoliberal. Diante da crise sanitária, econômica, social e política a resposta do governo tem sido desastrosa. A irresponsabilidade do governo federal conduziu o país a uma catástrofe sanitária com mais de 150 mil mortes, muitas delas evitáveis. O Brasil está entre os três países com maior número de mortes e casos, só abaixo dos EUA e Índia, alinhados ao mesmo projeto de extrema direita.

O Brasil tem hoje mais de 13 milhões de desempregados e 40 milhões de pessoas em trabalho precário, além do vergonhoso retorno ao mapa da fome. É neste cenário que o governo reduz pela metade para depois acabar com o auxílio emergencial de R$ 600,00, importante medida de proteção social, aprovado por pressão do Congresso Nacional, que permitiu dar um mínimo de dignidade a nossa população.

A retórica negacionista impediu que pudéssemos enfrentar a altura esses desafios. O ministério da Saúde após a troca de vários ministros está ocupado por um general que declarou não entender nada de SUS. No lugar de promover o entendimento e a coesão do país para o enfrentamento de uma crise sanitária, econômica, social e política de grande magnitude o governo apostou na divisão do país numa política sustentada pelo ódio e pelo negacionismo.

A comunicação com a sociedade, baseada em notícias falsas, contribuiu para dividir e disseminar confusão entre a população. A desorientação ajudou a criar a falsa sensação de que tudo estava bem, tratava -se uma gripezinha que logo passaria. As medidas de distanciamento social, e proteção individual foram sistematicamente desqualificadas.

É nesse quadro que realizaremos as eleições municipais. Trata-se de um momento crucial para a afirmação de outro projeto de sociedade que se contraponha à devastação projeto ultraneoliberal.

É estratégica a escolha de candidaturas comprometidas com um projeto de sociedade que enfrente nossas desigualdades abissais. Candidaturas comprometidas com outro projeto de desenvolvimento que tenha como eixos estratégicos:

  • A vida;
  • A saúde como direito universal de cidadania;
  • A educação pública, gratuita e de qualidade em todos os níveis;
  • Uma democracia radicalmente participativa;
  • Emprego e renda dignos para toda a população;
  • A retomada de direitos;
  • Reforma urbana e reforma agrária;
  • A transição ecológica.

Conclamamos todas e todos Cebianas e Cebianos a se engajarem ativamente nas eleições municipais. A reconstrução do Brasil passa pelas eleições municipais. Vamos dar uma virada nesse jogo! Chega de escravidão! Chega da cultura do estupro e do feminicídio! Chega de genocídio da nossa juventude e da população negra! Chega do genocídio dia povos indígenas!

Pelo direito de viver! Pela nossa DIGNIDADE!

Em defesa da Vida, da Saúde e da Democracia!