Nota de repúdio: Fiocruz e democracia

O CEBES repudia a suposta nomeação pelo governo, noticiada pela imprensa, da candidata derrotada à presidência de Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz ). A FIOCRUZ realizou um processo eleitoral com ampla participação sendo democraticamente eleita Nísia Trindade com 60% dos votos e participação de 82% de servidores.

 

A FIOCRUZ, nos seus mais de 100 anos de existência, conquistou a admiração e respeito no Brasil e no mundo. Essa Instituição que nos orgulha no campo da pesquisa, do ensino e da tecnologia em saúde, elege seus dirigentes e com isso confere legitimidade e sintonia a um projeto estratégico que engrandece e contribui para a soberania do Brasil. Sua história se confunde com a conquista do direito universal à saúde e a construção do SUS.

 

Consideramos fundamental o respeito a escolha da FIOCRUZ com a nomeação de Nísia Trindade.

 

Primeiro, deve ser pontuado o precedente criado por essa arbitrariedade praticada contra a Fiocruz nos processos democráticos e na autonomia universitária conquistados por nossas instituições de ensino e pesquisa. Por outro lado, e não menos importante, é preciso ressaltar o papel estratégico da Fiocruz na implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) tanto como formadora de recursos humanos como na produção de conhecimento, pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Por conta disso, o Brasil tem suficiência de insumos estratégicos em saúde, condição essencial para a soberania e sobrevivência do projeto universalista constitucional definido para a saúde.

 

Adotar a contramão da tradição democrática da Fiocruz construída desde a redemocratização do país desmonta a fortaleza que conduziu a Fiocruz a se tornar o que é hoje: uma instituição virtuosamente nacional e comprometida com a ciência, tecnologia e a saúde pública. Um orgulho nacional.

 

Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES)

Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES)