País ainda precisa fazer muita lição de casa
Valor Econômico – 05/06/2012
Para o economista Sérgio Besserman, que está à frente das atividades da prefeitura do Rio de Janeiro no processo preparatório da Rio+20, o Brasil tem muita lição de casa a fazer. Entre as mudanças necessárias, diz Besserman, está adaptar as obras públicas e a expansão da infraestrutura produtiva brasileira à economia de baixo carbono, o que consequentemente contribuiria para poupar o capital natural. “Mas só chegaremos a avanços importantes quando os custos ambientais forem absorvidos pelo mercado e o sistema global de preços relativos refletir a necessidade da transição para uma nova economia”, explica o economista.
Trunfo brasileiro é a matriz energética limpa, somando 80% em fontes renováveis, liderada de longe pela hidroeletricidade, gerada pela vazão dos rios. As fontes solar, eólica e biomassa somam 6,45% da energia do país. “Deveríamos manter esse caminho, mas sujaremos a matriz com os investimentos no petróleo do pré-sal”, diz Besserman.
“Os atuais subsídios para combustíveis fósseis se justificam no longo prazo?”, pergunta Carlos Rittl, coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil. Ele lembra que até 2020 “a tendência é a energia substituir o desmatamento e uso da terra como principal fonte de emissões de carbono no Brasil”. Ter extensas florestas tropicais significa para o Brasil exigir menos das indústrias em relação ao corte de gases do efeito-estufa, com reflexos na competitividade. “Ao contrário de muitos países, apenas o combate à derrubada de árvores já cobre em grande parte as metas brasileiras sobre clima”, ressalta Silneiton Favero, da Fundação Getúlio Vargas, coordenador dos estudos que balizarão os planos setoriais para o corte de emissões que serão divulgados neste ano pelo governo.
“Mas é preciso saber de que forma o país mantém e valoriza seu patrimônio natural”, observa João Paulo Capobianco, presidente do conselho do Instituto Democracia e Sustentabilidade. Ele adverte que o país vive momento contraditório no setor ambiental, como demonstrou o debate sobre o Código Florestal. “Temos as maiores reservas hídricas do planeta, mas há grande desigualdade no acesso à água, resultante da degradação dos solos, desmatamento