Revista aborda doenças associadas ao estilo de vida
Informe Ensp
A primeira edição da revista Ciência e Saúde Coletiva em 2014 traz um debate sobre doenças e agravos associados ao estilo de vida e aborda a complexidade das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) no século XXI. As DCNT, ou doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, doenças respiratórias crônicas e violências têm gerado elevado número de mortes prematuras, perda de qualidade de vida e ocasionado impactos econômicos negativos para famílias, indivíduos e a sociedade em geral. Elas são hoje responsáveis por 72% da mortalidade no Brasil e mais prevalentes entre as pessoas de baixa renda, por estarem mais expostas aos fatores de risco e terem menos acesso aos serviços de saúde. Para debater o tema, a edição oferece 16 artigos temáticos, 12 artigos de tema livre e dois artigos de revisão, sendo alguns assinados por pesquisadores da ENSP. A edição temática já está disponível online.
O aumento da carga de DCNT reflete os efeitos negativos da globalização, da urbanização rápida, da vida sedentária e da alimentação com alto teor calórico e do marketing que estimula o uso do tabaco e do álcool. Para o enfrentamento das DCNT, além da organização do setor saúde para garantir acesso à assistência, promoção, prevenção e vigilância torna-se essencial articular ações intersetoriais, em especial, as que contribuem para reduzir desigualdades sociais e proteger as populações mais vulneráveis, dentre elas, as crianças, os adolescentes e as pessoas idosas. É deste conjunto de questões que os artigos do número temático da revista Ciência e Saúde Coletiva trata.
O artigo Políticas de redução de danos no Brasil: contribuições de um programa norte-americano, assinado pelos pesquisadores da ENSP, José Mendes Ribeiro e Francisco Inácio Bastos e pela pesquisadora Aline Dias Inglez, considera a disseminação da epidemia de HIV e o controle de sua transmissão entre usuários de drogas injetáveis (UDI), além das estratégias de redução de danos que foram incorporadas em diversos países, incluindo o Brasil. De acordo os autores, tendo como perspectiva a emergência das drogas como tema central na agenda governamental, especialmente o crack, o artigo discutiu as práticas observadas em um programa de pesquisa e atenção aos UDI: o UFO. A pesquisa considerou aspectos como acesso e adesão do usuário, dificuldades de financiamento, sustentabilidade e avaliação de resultados.
As etapas do estudo envolveram pesquisa documental, observação sistemática e entrevistas com informantes-chave. “Destacamos características do UFO que poderiam contribuir para políticas de redução de danos no cenário brasileiro. O programa estudado se apresenta como um exemplo exitoso de iniciativas de redução de danos, obtendo sucesso no acesso e adesão desse grupo, favorecendo seu acesso aos serviços de saúde e prevenção de riscos associados ao uso de drogas”, apontaram os pesquisadores.
No artigo Fatores de risco relacionados com suicídios em Palmas (TO), Brasil, 2006-2009, investigados por meio de autópsia psicossocial, assinado pelas pesquisadoras da ENSP, Cecília Minayo e Ana Elisa Bastos Figueiredo e pelos pesquisadores Neci Sena, Valdir Filgueiras e Rafael Boechat , buscou-se analisar e descrever os fatores de risco e seus determinantes, associados a 24 casos de suicídios ocorridos na cidade de Palmas (TO), no período de 2006 a 2009. Para isso foi utilizado o método de autópsia psicológica e psicossocial, a qual, por meio de entrevistas com familiares, busca investigar os suicídios consumados, contextualizando características da vida do sujeito, e compreender os processos familiares e as circunstâncias afetivas, sociais, econômicas e culturais, fundamentando-se na reconstrução da história e da personalidade da pessoa.
Os fatores socioeconômicos associados foram: ser do sexo masculino, solteiro, de cor parda, estar na faixa etária de 20 a 40 anos e com ensino fundamental. Os principais fatores de risco identificados foram: transtornos mentais, abuso de álcool e outras drogas, relacionamento familiar conturbado e histórico de tentativas anteriores. Os autores buscaram contextualizar e refletir sobre alguns casos relatados pelos familiares e sobre a resposta das equipes de saúde às demandas das famílias e apontaram a necessidade de implantar programas de prevenção e de capacitar os profissionais da atenção básica.
Esses e todos os demais artigos que compõem o volume 19 número 1 da RevistaCiência e Saúde Coletiva estão disponívels on-line. Acesse!