Lígia Bahia: ‘Prevent Senior não deveria ter sido aberta’
Professora da UFRJ afirma que modelo de negócios da operadora não é viável e que empresa faz racionamento de recursos. Artigo publicado originalmente na Folha de S. Paulo.
Quando o segurado da Prevent Senior Tadeu Frederico de Andrade falou à CPI da Covid, na quinta-feira (7), disse que uma médica da operadora tentou convencer a família dele que era hora de dar início aos cuidados paliativos, ou seja, que não havia mais esperança de que o paciente sobrevivesse. De acordo com Tadeu, a família exigiu que o tratamento continuasse.
?Esta é uma das denúncias de pacientes contra a operadora de saúde, que tem 550 mil segurados. A Prevent Senior está no radar da CPI desde o mês passado, quando médicos entregaram um dossiê com denúncias aos senadores.
Para a professora da UFRJ e especialista em mercado privado de saúde Ligia Bahia, o modelo de negócio da Prevent Senior, de assistência em pré-pagamento só para idosos, não é sustentável e ela não deveria ter sido autorizada a operar no país.
Ela afirma que seria preciso um balanceamento de gerações para que os mais novos custeassem o tratamento dos mais velhos. “A Prevent Senior não deveria ter sido aberta. Teria sido necessário interpor uma barreira de acesso a uma empresa de pré-pagamento só para idosos. Entretanto, isso não aconteceu, pelo contrário. A Prevent foi muito elogiada no início.”
A Prevent Senior afirma que a pesquisadora tira conclusões a priori, sem estudar a fundo a realidade da empresa. Sobre as denúncias apresentadas à CPI, diz que são “absurdas e infundadas”, e que investigações técnicas, conduzidas pelo Ministério Público e autoridades reguladoras, vão restabelecer a verdade dos fatos.
A ANS, agência que regula o mercado de saúde, diz que atua em prol de todos os atores do setor, com regras rígidas para as operadoras e agindo para que o consumidor receba o atendimento contratado. O órgão afirma que as decisões da diretoria são embasadas em pareceres técnicos e tomadas de forma transparente.
No episódio desta segunda-feira (11), o Café da Manhã analisa o caso Prevent Senior e trata do funcionamento do mercado de planos de saúde no Brasil, da fiscalização dessas empresas e de como os segurados podem cobrar seus direitos.
O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando abaixo. Para acessar no aplicativo basta se cadastrar gratuitamente.
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O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Maurício Meireles e Magê Flores, com produção de Angela Boldrini, Jéssica Maes e Victor Lacombe. A edição de som é de Natália Silva e Thomé Granemann.