Após ataque à escola, Frente pela Vida quer novo pacto social baseado na solidariedade
Nessa segunda (27), um jovem de 13 anos levou uma faca à escola onde estudava e matou a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, e feriu outras cinco pessoas antes de ser imobilizado pela professora de educação física Cinthia Barbosa. O caso aconteceu na escola Escola Estadual Thomazia Montoro, na Zona Oeste da capital paulista. Ele disse que ele planejava o ataque há dois anos. Sua inspiração foi o Massacre de Suzano, quando dois estudantes mataram 7 pessoas numa escola e depois se mataram. Nessa terça (28), um adolescente de 15 anos tentou atacar colegas e professoras em uma escola na Zona Sul do Rio de Janeiro. Diante da escalada de casos, a Frente pela Vida lança nota denunciando a precarização da Educação no Brasil e a necessidade de investimentos para prevenir casos como esses. Veja a nota a seguir.
A FRENTE PELA VIDA propõe a solidariedade como base para a construção de políticas contra a violência e o ódio
Violência nas escolas é o sintoma de uma sociedade adoecida por anos de propagação do ódio e produção do medo como técnicas de governo.
A semana começou nesta 2ª. feira, dia 27 de março de 2023, com uma cena aterrorizante: uma quase criança, um menino de 13 anos, usou a força que tem para desferir golpes de faca e matar uma professora de 71 anos, e ferir outras cinco pessoas na Escola Estadual Thomazia Montoro em São Paulo. Infelizmente, cenas como esta têm se tornado mais frequentes do que pudéssemos imaginar alguns anos atrás.
Quatro anos de governo fascista e ultraliberal, o país se vê sequelado no seu pacto social, resultado da contínua propagação do ódio, o que levou à exacerbação da violência. Ela se manifesta na vida cotidiana, entre vizinhos, comunidades escolares, bares, praças, lugares de convivência. A violência nas escolas é apenas um dos sintomas de uma sociedade com dificuldades de reconhecimento da humanidade do outro, instigada à brutalidade e à intolerância por um governo, de natureza racista, para o qual violência e produção do medo transformaram-se em técnicas de exercício do poder.
Hoje estamos diante da possibilidade de reconstruir as bases de um pacto social, cuja matriz esteja no conceito de solidariedade. O antídoto para a concorrência, ganância, empreendedorismo liberal e estéril, é a reunião de potências que a solidariedade comporta, base que deve cimentar as relações comunitárias, a força da participação popular, e compartilhamento na definição das políticas sociais.
O sucateamento da rede de educação, associada à precarização de outras políticas públicas, a falta de segurança aliada ao incentivo à intolerância propagado nos últimos anos, também tem deteriorado as condições de saúde da população. O aumento de acasos de agressão, produção da insegurança e medo, tem aumentado problemas relacionados ao transtorno mental. O quadro exige imediato aumento dos investimentos públicos nestes setores, e políticas de apoio e orientação às comunidades, para prevenção de eventos como este.
Tudo isto leva a que a violência tenha se tornado uma epidemia que mata milhares de pessoas ao mês, e que permanece sem uma resposta efetiva por parte das políticas sociais. É um dos mais críticos problemas de saúde pública da atualidade, e muitas vezes ocorre de forma silenciosa e invisível, como a violência doméstica, que atinge mulheres e crianças, contra populações periféricas e outros grupos vulnerabilizados.
Prestamos nossa solidariedade às famílias das vítimas do ataque à escola, assim como a todas as vítimas da violência em geral. A melhor forma de homenageá-las é fortalecer políticas de segurança, que valorizem as comunidades, acolham suas questões, e com elas decidam sobre assistência, saúde, educação, cultura, e cuidado, como dispositivos para a construção de uma nova sociedade.
FRENTE PELA VIDA
Rio de Janeiro, 28 de março de 2023.
Veja a nota na íntegra no formato PDF: