1968 :: Por Lucia Ypiranga
Por Lucia Ypiranga*
Eleutério e eu nos conhecemos em 1968 na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília. Ele cursando o 4o ano de Medicina e eu participando do corpo docente, integrando o Bloco do Sistema Alimentar.
O que nos atraiu foi o projeto de transformação social que imantou a nossa relação em todas as suas fases. O Eleutério profissional é muito conhecido e tem sido recordado por muitos de seus pares, amigos e companheiros. O nosso Eleutério, em família, continuava sendo o militante, 24 horas engajado na luta ideal por uma sociedade justa e solidária, valores que vivemos e passamos aos nossos filhos. Fez-se presente como pai, atencioso e ciente de suas responsabilidades.
Fomos mais que companheiros. Fomos cúmplices. Vivemos intensamente nosso projeto de vida. Aquele mesmo que nos uniu durante sua formação profissional. Se isto foi bom ou ruim não sei precisar. Mas ao assumi-lo sabíamos que seria para sempre, sem importar os prejuízos que isto nos poderia trazer.
Assim, foram muitos os momentos em que tivemos de dividi-lo com a causa. As crianças devem ter sentido, talvez, essa perda. Enfim, quando seu ocaso chegou, antes mesmo de terminar o alvorecer, estivemos unidos e empenhados em manter acesa a chama do ideal que o consumiu.
Posso apenas falar do Eleutério sério, mesmo nos momentos mais alegres e felizes de nossa convivência. Do Eleutério casmurro quando as coisas não corriam bem e também do Eleutério firme, severo e conciliador que mantinha em linha a família e todos os que dele dependiam. Por fim Eleutério querido, sonhador e idealista, que lutou, qual um incansável Quixote, por todos seus sonhos, por todas suas verdades.
* Lucia Ypiranga é viúva de Eleutério