40 anos da Alames: América Latina pela Democracia, Direitos Humanos e Saúde

Associação Latino-Americana de Medicina Social agrega teóricos, pesquisadores, trabalhadores de Saúde de toda Latino-América na construção do direito à Saúde

A Associação Latino-Americana de Medicina Social (Alames) celebra hoje 40 anos de defesa da Saúde como direito humano fundamental. Fundada em 1984, durante o III Seminário Latino-Americano de Medicina Social, em Ouro Preto, no Brasil, a Alames reúne pessoas vinculadas a diferentes campos da teoria e prática da Medicina Social/Saúde Coletiva, que se organizam em núcleos em cada país do continente.

“A Alames foi criada em um contexto de organização da Medicina Social e da Saúde Coletiva na América Latina. Entendemos que temos problemas comuns, em um continente de extrema desigualdade, uma colonização perversa que construiu essas desigualdades que recaem sobre a Saúde da populações. Isso requer estruturação e mobilização de uma inteligência e uma ação política em torno do direito à Saúde. A Alames tem esse significado, de agregar teóricos, pesquisadores, estudiosos, trabalhadores de Saúde de toda Latino-América na construção desse direito”, relata a médica Ana Costa, diretora-executiva do Cebes e uma das fundadoras da Alames.

Também presente na fundação, o sanitarista José Noronha destaca a contribuição de Juan César Garcia para movimento. “Lideranças latino-americanas vinham construindo, desde meados dos anos 1970, visão crítica sobre a medicina e a saúde fortemente inspirados no pensamento de Juan César Garcia, que disseminou a contribuição das ciências sociais para pensar a saúde e os sistemas de saúde. Esse pensamento crítico inspirou a criação de vários programas de formação na área da saúde pública brasileira e latino-americana. Inspirou a criação do Cebes, da Abrasco e da Alames”.

“Posso dizer que revolucionou o pensamento da saúde pública em toda América Latina. A Alames combinava uma reflexão teórica sobre a determinação social da saúde e os fatores econômicos sociais e políticos que conformavam, e conformam, os sistemas de saúde de nossos subcontinente. Ao mesmo tempo reuniu, em vários países, militantes em defesa do direito à Saúde e da construção de sociedades mais igualitárias, democráticas e justas, cuja luta permanece até hoje. Os seus 40 anos de história continuam a inspirar novos e velho lutadores de mundo em paz e mais justo”, afirma Noronha.

“Nesses 40 anos, entre alto e baixos, a Alames tem se mantido como essa entidade que agrega essa reflexão sobre a determinação social da Saúde, do direito à Saúde. Tem construído, frente a governos progressistas, a possibilidade de avançarmos em sistemas universais de Saúde e na construção crítica”, avalia Ana Costa. “É emblemática a realização do próximo Congresso da Alames aqui no Brasil”, celebra.

Rio sediará 18º Congresso da Alames

Em 2025, o Rio de Janeiro sediará o 18º Congresso Latino-americano de Medicina Social e Saúde Coletiva. O congresso acontecerá de 14 a 19 de julho de 2025, no campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), sob responsabilidade do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), que representa a Alames no Brasil.

Com o tema central “Democracia, direitos sociais e saúde: retomando o caminho da determinação social e da soberania dos povos”, o evento visa produzir conhecimento e ação social na defesa do desenvolvimento sustentável, inclusivo, autônomo e com justiça social na América Latina. A Comissão Organizadora convida a comunidade acadêmica, movimentos sociais, gestores e trabalhadores da saúde para a submissão de trabalhos. Confira a convocatória e inscreva seu trabalho.

Reportagem: Clara Fagundes/Cebes