A campanha eleitoral e a necessidade de uma reforma política
Os partidos fizeram as convenções e escolheram seus candidatos. As alianças entre eles estão feitas, sem nenhum critério ideológico ou qualquer compromisso com a classe trabalhadora. Tudo em nome do pragmatismo da vitória eleitoral e de alguns segundos na televisão. Portanto, a corrida eleitoral já começou. E os métodos manipuladores de sempre, também.
Os candidatos registraram o que pretendem gastar. Os três principais presidenciáveis vão gastar, somados, a bagatela de 1 bilhão de reais. E a soma de todos os candidatos a senadores e a deputados, registraram a intenção de gastar 4 bilhões de reais, destes, 85% serão supridos por apenas 117 grandes empresas, em sua maioria empreiteiras, bancos e algumas indústrias. E claro, sempre haverá algum doleiro generoso no meio.
Esse valor fica atrás apenas da campanha dos Estados Unidos. Nada mau, para um país que é a oitava economia mas está em terceiro em pior desigualdade social do mundo! Ou seja, a sociedade brasileira é tão rica que pode se dar o luxo de gastar essa dinheirama em apenas dois meses de campanha, com marqueteiros, contratação de pessoas, shows de música, banners, santinhos e outras porcarias. Os jornais publicaram que já foram contratados mais de 60 mil pessoas, apenas para atuar na internet e na campanha digital. Uma vergonha!
Por outro lado, o senador João Capibaribe (PSB-AP), antigo militante da esquerda, entrou com um Projeto de Lei no senado para limitar os gastos das Assembleias Legislativas estaduais e os tribunais de conta estaduais, que deveriam fiscalizar seus gastos. O senador descobriu que os gastos anuais dessas duas instituições, nada democráticas, somam 9, 4 bilhões de reais para deputados estaduais e outros 5,1 bilhões de reais para os ilustres conselheiros das contas públicas. São 14,5 bilhões por ano, para nada. Descobriu que os gastos com diárias e passagens dos nobres parlamentares somam bilhões de reais, tudo desviado para atender interesses particulares. Descobriu que um deputado no Acre,custa ao povo 4,7 milhões de reais por ano, e no Rio de Janeiro custa 15,9 milhões de reais por ano.
Tudo isso são apenas sinais da falência do modelo político brasileiro. Há uma clara crise de representação política. Crise e hipocrisia na hora dos partidos escolherem os candidatos. Crise na forma de financiar as campanhas, em que as grandes empresas sequestraram a democracia brasileira, com seus caixas 2. Crise, na forma de fazer as campanhas, que não motiva mais ninguém. Basta lembrar que, segundo o TSE, apenas 27% dos jovens com 16 anos fizeram o título de eleitor esse ano.
Crise porque os candidatos não discutem os problemas do povo brasileiro e suas causas. Não discutem projetos para o país. Embora, por trás de cada um deles, de forma dissimulada, se encontrem interesses e projetos de classe. Infelizmente, a ampla maioria só defende os interesses da burguesia. Ou seja, esse tipo de regime político e de campanha só interessa à burguesia, que se utiliza desses métodos para controlar o Estado brasileiro e suas instituições.
Diante de tudo isso, os movimentos sociais, desde as pastorais até o movimento sindical, estão convencidos que somente uma reforma política, profunda – que vá além do financiamento das campanhas, da forma de eleger e que inclua mudanças na forma de funcionarem os partidos, os candidatos, o poder judiciário e o controle sobre os meios de comunicação –, pode de fato recuperar a democracia representativa no Brasil.
Por isso, já estão organizados mais de mil comitês populares por todo o país, fazendo trabalho de conscientização da população sobre a necessidade de uma reforma política. E farão um Plebiscito Popular, para que o povo se manifeste se é a favor da convocação de uma assembléia constituinte soberana e exclusiva, que faria as mudanças políticas necessárias.
Os resultados do plebiscito popular serão levados aos Três Poderes instalados em Brasília – Executivo, Legislativo e Judiciário. E levarão também ao Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, onde está instalado o quarto poder: a mídia burguesa – Rede Globo.
E a partir da pressão popular, se encaminhará a proposta de um decreto legislativo que convoque, para o primeiro semestre de 2015, um plebiscito formal, legal, para que toda população decida, se é necessário ou não a convocação de uma Assembleia Constituinte soberana. Ou seja, eleita de acordo com a vontade do povo, sem dependência econômica das empresas. E exclusiva, ou seja, independente, separada do Congresso que será eleito em outubro deste ano.
O Brasil de Fato, como veículo comprometido apenas com a classe trabalhadora, com os movimentos sociais, se soma nessa campanha de luta por uma reforma política ampla e na luta popular para conquistá-la.
Fonte: Editorial / Brasil de Fato
Imagem: Reprodução / TSE