Alta da dengue faz hospitais privados reservarem leitos
Cláudia Collucci/ Folha de S. Paulo
Instituições falam em ‘aumento substancial’ de casos nas últimas semanasI
Na cidade, total de ocorrências já supera o de todo o ano passado; previsão é que pico da doença ocorra em maio
A alta dos casos de dengue em São Paulo tem levado hospitais privados a reservar leitos para esses pacientes.
Nos quatro primeiros meses do ano, o total de ocorrências já supera o de 2013. Foram 3.050 de janeiro até anteontem, ante 2.617 no ano passado todo, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
No Hospital Edmundo Vasconcellos, estão sendo atendidos de 20 a 30 casos por dia e cinco leitos estão reservados para pacientes com dengue, afirma o infectologista Artur Timerman.
Segundo ele, a quantidade de casos triplicou nos últimos 15 dias. “No início de março, a média era de dez casos. Em janeiro e fevereiro praticamente não houve casos.”
No Hospital Albert Einstein, de dez a 12 casos estão sendo notificados diariamente. Dez leitos estão ocupados com os doentes de dengue.
Segundo o médico Antonio Bastos, gerente do pronto-atendimento, não há registro de dengue hemorrágica ou de complicações mais graves.
No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o número de casos também aumentou nas últimas duas semanas, segundo o infectologista Gilberto Turcato. Mas ainda não há um levantamento consolidado do número de registros.
No Hospital Samaritano também houve “aumento substancial” de casos, mas, de acordo com a assessoria de imprensa, não seria possível quantificá-los ontem.
O Samaritano alterou o esquema de atendimento: as pessoas que passam pelo pronto-socorro com sintomas da doença são atendidas e orientadas a retornar depois 48 horas para reavaliação.
“Todo mundo está registrando muito mais casos neste ano do que nos anos anteriores. Estamos vivendo uma epidemia, sem dúvida”, diz o infectologista Esper Kallás, do Hospital Sírio-Libanês, que também não soube precisar o número de casos.
Pelos critérios do Ministério da Saúde, a cidade ainda não registra uma epidemia.
A “surpresa positiva” dos atuais casos de dengue, segundo Kallas, é que a maioria é de dengue clássica, sem muitas complicações.
Duas hipóteses explicam esse cenário: as características do vírus circulante na cidade (majoritariamente o subtipo 1, que já circula no país desde 1986) e o fato de muitas pessoas estarem contraindo dengue pela primeira vez (na segunda, a infecção tende a ser mais severa).
PREVISÃO
Mas os médicos estão apreensivos com as próximas semanas. Para Timerman, o pico de casos deve ocorrer em meados de maio –coincidindo com a temporada de gripe, o que deve sobrecarregar ainda mais os hospitais.
Até a Copa do Mundo, em junho, a previsão é que os casos de dengue já tenham diminuído, embora haja possibilidade de ocorrências.