Amostras do vírus da varíola podem ser destruídas

Andrew Griffin, Do Independent

Cientistas pedem uso em estudos, mas há medo de apropriação por terroristas

Até o fim deste mês a Organização Mundial de Saúde (OMS) vai determinar se destruirá ou não as duas últimas amostras de um dos maiores assassinos da História: o vírus da varíola. Um grupo de cientistas americanos defende a preservação para estudos, enquanto um primo do agente letal é descoberto na Geórgia, entre a Ásia e a Europa. Não são poucos os especialistas, porém, que temem o uso de vírus especialmente mortais como armas terroristas.

A varíola foi declarada erradicada em 1980, tornando-se o primeiro e único patógeno humano já erradicado no mundo. Duas amostras do vírus, no entanto, foram guardadas em laboratórios de segurança máxima; uma nos EUA, outra na Rússia. A destruição das amostras seria uma medida de segurança prevista pela OMS. No entanto, sua preservação poderia ser valorosa para estudos científicos, no caso, por exemplo, de o vírus ser intencionalmente liberado.

Cientistas ainda hoje usam as amostras para trabalhar em novas drogas e para estudar doenças relacionadas. Por conta disso, um grupo de pesquisadores encaminhou um pedido à organização internacional para não destruir as amostras.

“A pesquisa permanece sendo vital, e acreditamos que os objetivos da OMS para vacinas novas e mais seguras, drogas antivirais de última geração e melhores formas de diagnósticos não foram ainda totalmente alcançados” escreveram os cientistas, defendendo a preservação dos vírus.

Muitas pessoas continuam recebendo a vacina contra a varíola, que não contém o vírus. É o caso de militares, por exemplo. Os EUA mantêm um grande estoque de vacina, suficiente para vacinar toda a população do país, no caso de um novo surto da doença.

A mais letal das variantes da varíola mata de 30% a 35% das vítimas. A doença surgiu em 10.000 a.C, e a mais antiga evidência da doença foi encontrada num corpo mumificado de um faraó egípcio. A varíola matou de 300 a 500 milhões pessoas no século XX.

O apelo dos cientistas ocorreu no momento em que dois fazendeiros da Geórgia foram diagnosticados com uma doença até então desconhecida, que seria uma espécie de “prima da varíola’; segundo os Centros de Controle de Doenças dos EUA.

Segundo especialistas, o vírus ainda não foi nomeado porque ainda se sabe pouco sobre ele. Cientistas consideram que qualquer vírus da família da varíola é de extrema importância porque poderia ser usado como agente de bioterrorismo.