Assassinato de Marcelo Arruda é caso de ‘Terrorismo Populista’, diz delegado coordenador do movimento Policiais Antifascistas
O assassinato de Marcelo Arruda, morto a tiros em sua casa, em Foz do Iguaçu, após ser baleado na noite de sábado (10) pelo policial federal José Guaranho, apoiador do presidente Bolsonaro, é um exemplo clássico de mais um “lobo solitário” seduzido por uma narrativa populista. A análise é do coordenador do movimento Policiais Antifascismo, delegado Fernando Alves, de Natal, Rio Grande do Norte.
Ele definiu como populismo terrorista o assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT de sua cidade, durante a comemoração de seus 50 anos. O delegado Fernando Alves acrescentou que se trata de uma fórmula que não foi desenvolvida no Brasil, mas que teve seu momento mais violento ao tentar legitimar a invasão do Capitólio nos EUA, pelo ex-presidente Trump. Esta fórmula tem sido exportada para outros países e procura em cada casa o indivíduo radicalizado com exortações de direita pela narrativa das redes sociais.
É o populismo terrorista do Trump, do Bolsonaro, de nacionalismo exacerbado e que transforma o gesto da “arminha” criado na campanha eleitoral de 2018 em arma de verdade para fazer “justiçamento político”. Para Fernando Alves, há uma forte ligação entre o assassinato do policial no Sul do país com os atentados de Uberlândia (MG), de Brasília, contra o juiz Renato Borelli e a bomba jogada no ato político da Cinelândia, no Rio de Janeiro.
As declarações do delegado Fernando Alves foram feitas durante o programa Cebes Debate da última segunda-feira (11), com o tema “As Armas da Democracia“ com mediação de José Noronha e participação da presidenta do Cebes, Lúcia Souto. O coordenador do Movimento Antifascista respondeu a perguntas do moderador, da presidenta do Cebes e de diversas pessoas que assistiam ao vivo o programa pelo canal do YouTube.
Ao responder uma pergunta sobre o avanço das milícias além dos territórios do Rio de janeiro, Fernando Alves disse que estes grupos criminosos milicianos já ultrapassaram as fronteiras cariocas e se instalaram em várias regiões do país. Ele falou das origens das milícias, normalmente com origem em grupamentos de policiais aposentados ou não e que nasceram para “vender” serviços que deveriam ser providos pelo Estado, ausente nestes territórios periféricos. Fernando acrescentou que existe uma hierarquia na estrutura destas organizações criminosas.
Provocado para falar sobre a falta de controle da venda e uso de armas no país, Fernando Alves explicou que cabe ao Exército fazer o controle do uso e venda de armas exclusivas das Forças Armadas, mas que cabe à Polícia Federal a fiscalização e controle de todo o tipo de armamento usado no país.
Ao falar do crescimento do uso de armas (mais de 450% no período de um ano), o delegado afirmou que este crescimento se dá sobretudo na área rural, no campo e nas regiões do agronegócio. Ele não tem dúvida que este crescimento de armas no campo é que responde pelo aumento do genocida dos povos indígenas e pelo aumento de crimes de morte de trabalhadores rurais.
Este crescimento do número de armas no país é muito perigoso, especialmente porque a fiscalização não dá conta de monitorar este movimento no país todo. Nem se quisesse de verdade, poderia dar conta deste monitoramento.
No final do programa, o delegado Fernando Alves disse que somente a mobilização popular e a participação da juventude poderão reverter esta situação no país. Ele acrescentou a importância da eleição de outubro e a retirada, pelo voto, do atual presidente da República.
Assista o programa na íntegra via link ou a seguir: