Analisando dados de cobertura da Atenção Primária à Saúde no Brasil no início de 2023
O integrante do núcleo Bahia do Cebes, Rafael Barros, fez uma análise da cobertura da Atenção Primária à Saúde (APS) no território brasileiro nesse início de 2023. Ele levanta alguns pontos sobre o assunto que podem ser expandidos por pesquisadores. A base de dados utilizada foi o DataSUS. Rafael é enfermeiro, professor da Escola de Enfermagem da UFBA, pesquisador do Instituto de Saúde Coletiva/UFBA e Militante da Reforma Sanitária Brasileira.
A região com maior cobertura é a Nordeste seguida de perto da Sul. Em tese, se a tendência continuar, a região Sul vai ultrapassar a Nordeste nos meses iniciais de 2023.
Todas as regiões apresentaram crescimento de cobertura em 2022. Vale destacar um leve ‘pico’ de abril para maio. Uma hipótese é algum edital do Programa Médicos pelo Brasil nesta época ter ampliado a cobertura em todas as regiões.
Mais de 73% dos municípios brasileiros tem cobertura da APS maior que 90%. 53% (2998 municípios) já têm 100% de cobertura populacional. Os principais gargalos ainda estão na região Norte e em uma região do interior de São Paulo.
O estado com maior cobertura é o Piauí. O pior é o Amapá. Neste ponto, há ainda desigualdade de cobertura entre os estados.
Por fim, vale notar que, apesar da baixa cobertura total, o estado de SP tem a maior média de pessoas cadastradas por equipe e o Maranhão a menor. No Brasil, a média de dez/22 foi de 2783 pessoas cadastradas por equipe de Saúde da Família ou de Atenção Primária.
Sugestões de investigação para discentes do campo da saúde coletiva: o número médio de pessoas cadastradas por equipe no município interfere nos resultados da APS? Ou seja, equipes mais sobrecarregadas na relação usuários/equipe, tem mais dificuldade de atingir bons resultados?
Considerando as pessoas cadastradas pelas equipes de SF e AP, quando maior o porte populacional, maior a média de pessoas cadastradas por equipe.
Uma análise complementar: em média, há mais pessoas cadastradas por equipe nas eSF do que nas eAP, independente do porte populacional do município. Entender o por quê disso é uma boa pergunta de investigação também.