Audiência pública debate tratamento e prevenção da tuberculose no Rio
Para debater com a sociedade a importância do tratamento e da prevenção da tuberculose, representantes da saúde e entidades ligadas ao tema se reuniram na manhã de hoje (28) com parlamentares, em audiência pública, na Escola do Legislativo do Estado do Rio de Janeiro, no centro da capital fluminense. O encontro marcou o encerramento das atividades referentes ao Dia Estadual de Enfrentamento da Tuberculose. Atualmente, o Rio ocupa as primeiras posições no ranking de incidência da doença, segundo dados do Ministério da Saúde.
De acordo com o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental, Otávio Chieppe, as altas taxas de tuberculose no Rio estão vinculadas a diversos fatores como: o espaço urbano e as dificuldades de acesso da população aos serviços de saúde.
“Nós temos taxas elevadas de incidência de tuberculose, assim como a de mortalidade. É preciso um movimento que englobe sociedade e poder público, para diminuir essas taxas que são preocupantes. É uma doença de transmissão respiratória e está muito associada aos grandes aglomerados urbanos. Temos no Rio grandes bolsões de diversidade populacional com pobreza e dificuldade de acesso aos serviços de saúde, o que faz com que tenhamos um dado preocupante, muito heterogêneo. As taxas da doença são muito elevadas em algumas localidades, principalmente, nas comunidade carentes”, disse.
A tuberculose é uma doença infecciosa. Se não for tratada, pode levar até a morte. O tratamento é feito pelo Sistema Único de Saúde, que oferece a medicação diária aos pacientes. Em maio deste ano, as denúncias mostraram que na Rocinha, comunidade da zona sul, um dos pontos com maior incidência da doença no estado, os pacientes chegaram a ficar até 13 dias sem receber o medicamento.
“Um dos grandes desafios que a gente tem, além do diagnóstico e o acesso ao medicamento é a garantia da continuidade do tratamento. Com o resultado de cura, a gente consegue romper a cadeia de transmissão, impedir que a pessoa tenha a doença agravada e evitar bactérias resistentes”, explicou Chieppe.
Para o presidente do Fórum de organizações não governamentais (ONGs) da Tuberculose, Roberto Pereira, o grande problema é a falta de medicamentos nos postos de saúde que depende de laboratórios internacionais.
“Toda a medicação para tratamento da tuberculose é comprada na Índia e qualquer problema lá, significa que teremos que começar do zero aqui, sem ter produção nacional. Ter isso é fundamental para o país. Por mais que tenha avançado, ainda é uma questão [tuberculose] que está pouco em evidência. A formação dos profissionais de saúde é precária em relação à tuberculose, é comum os profissionais da rede pública de saúde demorarem para pedir os exames, e quando os casos são diagnosticados, a doença já está em um estágio muito avançado”, explicou.
Com um trabalho de orientação voltado para moradores de Vila Isabel, na zona norte da cidade, o Centro Comunitário Raiz Vida alerta jovens e adultos sobre os sintomas da doença. A presidenta do centro comunitário, Márcia Helena de Souza, de 60 anos, afirmou que muitas pessoas têm tosse por mais de três semanas e não procuram os médicos.
“Sempre distribuimos folhetos para tirar dúvidas. Temos cartazes em vários estabelecimentos do Morro dos Macacos [em Vila Isabel] para que as pessoas tenham consciência de que a tuberculose é perigosa mas que tem cura”, disse.
Para Márcia Helena, a audiência pública serve para reivindicarmos remédios.”Quando faltou na Rocinha, também, em Vila Isabel tivemos uma ameaça de ficarmos sem a medicação, mas pressionamos às autoridades e isso não aconteceu. Estou há muito tempo fazendo este trabalho, buscando aconselhar às pessoas que abandonam o tratamento e eliminar os preconceitos. “Não é só pobre que tem tuberculose. As pessoas precisam fazer o exame se tiverem os sintomas”.
Fonte: Agência Brasil