Boletim de Análise da Conjuntura 2019 da Fundação Perseu Abramo aponta aumento da pobreza e desigualdade
A Fundação Perseu Abramo lançou hoje (19/12) a edição de 2019 do Boletim de Análise da Conjuntura. Neste ano, a instituição inaugurou sessão inédita sobre análises do Judiciário em seus boletins mensais, pelo espaço cada vez maior no debate político nacional. O relatório anual, que está disponível para download após o texto, mostra um Brasil com aumento de pobreza e desigualdade e aponta para um 2020 de “resistência, luta e conquistas“.
Os acontecimentos mais relevantes destacados na seção Internacional são os resultados eleitorais na América Latina e em outras regiões do mundo, as mobilizações na América Latina e os golpes da direita, o processo de impeachment de Trump e a crise ambiental na Amazônia.
O desmonte promovido pelo governo Bolsonaro a partir do programa de privatizações, iniciado três meses após a posse é o destaque da seção Estado. Também recebem destaque as reformas econômicas ultraliberais e das agendas ideológicas neoconservadoras.
Em Política e Opinião Pública, o documento aponta como Jair Bolsonaro aposta no discurso antipolítico para mobilizar a base de apoio social e pressionar o Congresso Nacional a votar a agenda econômica e social.
O Pacote Anti-crime do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi a principal entrega da pasta no ano na seção Segurança Pública. O texto aprovado no Congresso foi bastante modificado, mas ainda sim, a agenda de segurança pública com viés punitivista saiu vitoriosa.
A seção Social mostrou que o governo atacou em frentes diversas: educação (em especial à educação superior), políticas de saúde mental e sobre drogas e nas modificações institucionais na Previdência Social e mercado de trabalho. O ano de 2019 se caracterizou por uma ampliação da precarização no mercado de trabalho, com recordes de subutilização e desalento sendo atingidos ao longo do ano.
Tivemos mais um ano perdido na seção Economia. O PIB do país deverá fechar 2019 com crescimento de apenas 1,2%, adiando para 2020 as esperanças de “retomada”, tantas vezes anunciada pelos analistas de mercado desde quando golpearam o mandato de Dilma Rousseff em 2016. Enquanto isso, 25 milhões de brasileiros seguem subocupados, dos quais 12 milhões estão desempregados e outros 4,8 milhões nem sequer têm condições para seguir procurando emprego.
Já a seção Territorial conta que 2019 foi marcado por quatro grandes desastres ambientais no país que colocaram em debate se o governo federal está preparado para enfrentá-los em pleno um cenário de desestruturação da política ambiental nacional.
Em Comunicação, são analisadas as principais notícias sobre Lula e Bolsonaro que mobilizaram as redes sociais em 2019, além dos temas destacados ao longo do ano pela imprensa internacional e posicionamento editorial da imprensa tradicional a favor das reformas, em coro com o projeto neoliberal de aniquilação dos direitos sociais e sem espaço para o contraponto.
E por fim, na seção Movimentos Sociais, podemos ver que o hiperindividualismo e a equivocada ideia de “empreendedor de si” são obstáculos à maior mobilização. E que a busca dos movimentos sociais pelas bases perdidas começa a alterar formas de ação.