Bolsa Família não freia busca de emprego

No Brasil, 34 milhões de jovens entre 15 e 24 anos enfrentam enormes tropeços para serem reconhecidos como cidadãos ativamente participantes do processo democrático, situação infelizmente característica de todos os países da América Latina e do Caribe. Em Belo Horizonte eles encontraram a oportunidade de fazerem ouvir sua voz, pela Rede Jovem de Cidadania, projeto executado pela ONG Associação Imagem Comunitária que, graças aos resultados e inovações, foi finalista, em 2006, do Concurso “Experiências em Inovação Social”, realizado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com apoio da Fundação W.K. Kellogg.

O objetivo do projeto é criar e fortalecer uma rede participativa de comunicação. Para isso, envolvem num processo de criação de programas e mensagens na televisão, rádios, jornais, Internet e agências de notícias jovens em risco social, integrantes de movimentos culturais e comunidades escolares. Desta forma, promovem a conectividade e o intercâmbio, tornando conhecidas as iniciativas que procuram fortalecer a cidadania do público juvenil, tradicionalmente “invisíveis” nos meios de comunicação.

As ações da Rede estão estruturadas em duas frentes: um programa de formação e produção relacionado com a comunicação comunitária, e outro desenvolvido nas escolas públicas. O primeiro é uma rede de “comunicadores” juvenis, que se encarrega da sensibilização, mobilização e formação de 54 jovens das 9 regiões de Belo Horizonte. Estes se convertem em correspondentes – agentes multiplicadores – responsáveis por investigar e divulgar informação relacionada com as iniciativas que promovem a cidadania.
O trabalho nas escolas públicas fomenta a criação de redes de comunicação nos estabelecimentos educativos, criando espaços de experimentação da produção mediática, visando consolidar o sentimento de cidadania entre os estudantes. Contam, atualmente, com uma rede de 294 instituições públicas e privadas, das quais 200 são escolas.

Um dos elementos mais inovadores desta experiência é a metodologia utilizada que integra o processo de formação com o de criação. Isso contribui para melhorar a auto-estima dos jovens, especialmente dos que vivem na periferia, ampliar sua visão de mundo, incrementar o intercâmbio entre eles próprios e nas próprias comunidades, repensar o papel da escola e demonstrar a força do trabalho associativo.

É, sem dúvida, um modelo do qual pode-se extrair uma grande quantidade de elementos replicáveis em qualquer país da Região, permitindo dar visibilidade, sentido de pertencimento e cidadania aos jovens que vivem excluídos, tanto econômica como socialmente.

 

Fonte: Cepal