Brasil é elogiado por programa de combate a doenças negligenciadas
Rodrigo Vizeu/ Folha de S. Paulo
Evento em Paris reuniu OMS, governos, doadores e farmacêuticas
O programa brasileiro de combate às chamadas doenças negligenciadas foi elogiado ontem em Paris por um grupo internacional formado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), empresas farmacêuticas, governos e doadores.
Entre os principais benfeitores está o bilionário Bill Gates, que discursou no evento e cobrou mais engajamento do mundo para a causa. O plano do grupo é eliminar dez dessas doenças até 2020.
As doenças negligenciadas, como hanseníase e doença de Chagas, atingem uma em cada seis pessoas do planeta, quase sempre pobres, e são alvo de pouco interesse de governos e de farmacêuticas. O Brasil lidera a incidência delas nas Américas.
Apesar de subestimadas por muito tempo, diz o relatório divulgado, desde 2011 o assunto é tratado como prioridade pelo governo brasileiro ao ser incluído no combate à pobreza extrema.
A coordenadora do Ministério da Saúde para a área, Rosa Soares, apresentou o caso brasileiro e foi parabenizada pela diretora-geral da OMS, Margaret Chan.
Soares disse acreditar que o Brasil se destaca pela decisão “inovadora” de integrar o tratamento de várias doenças de uma vez. “Deu certo, uma catalisou a atenção da outra”, disse.
Ao lado de China e Índia, o país foi chamado de “ator chave” por conseguir pagar por seus programas. “Esses países estão financiando a maioria de seus custos com recursos domésticos, permitindo à comunidade global focar na necessidade dos países de menor renda.”
Soares disse que o sucesso brasileiro na área mostra que o país também pode ajudar outras nações. O país poderia começar, disse, apoiando vizinhos como Bolívia, Paraguai e Colômbia, onde há populações fronteiriças com alta incidência das doenças, o que representa risco para o Brasil.