Brasil em 5o lugar na taxa de mortalidade mundial por Covid-19 no início de Abril de 2022
O médico epidemiologista Heleno Corrêa analisa os números da pandemia de Covid-19 nesse início de Abril e final de Março de 2022. Em um cenário que administrações nas esfera Federal, Estadual e Municipal relaxaram medidas de enfrentamento, como uso de máscaras, ele aponta para um cenário um tanto preocupante.
A taxa de mortalidade por COVID-19 no Brasil em abril de 2022 foi de 3,07 por mil Habitantes. Tornamo-nos o 5º pior país do mundo, superado pelo Peru, três repúblicas da ex-URSS e a Bósnia-Herzegovina. A “4ª onda” vem decrescendo o número de casos no mundo do hemisfério norte, com registros na Ásia, Europa incluindo Inglaterra, e América do Norte, depois de ter chegado a níveis DEZ VEZES maiores que os picos epidêmicos atingidos em dezembro de 2020, abril de 2021, e agosto de 2021.
As mortes globais por COVID19 decaíram à metade do pico inicial da 1ª onda em abril de 2020 após terem subido ao dobro em janeiro e fevereiro de 2022.
O pico de casos semanais no Brasil registrado por um dos índices mais baixos de testagem do mundo (2,9 pessoas por mil habitantes) foi relatado em fevereiro de 2022 com número de casos clínicos notificados de 1,25 milhão de casos por semana comparado a 500 mil casos por semana em agosto e setembro de 2021 (2,5 vezes maior), com aparente decréscimo até a última semana epidemiológica em 27 de março de 2022.
O número absoluto de mortes no Brasil até 27 de março foi de cerca de metade do pico de agosto de 2020 e quase um terço das mortes (6,1 mil) do pico mais alto de maio de 2021 (21,7 mil) por semana. O Brasil atingiu 661 mil mortes totais por covid-19 na Pandemia com 6,8 mil mortes a cada 28 dias.
As mortes indicam que a COVID19 “mais leve” da variante Ômicron matou cerca de 28% do maior pico de mortes em 2022 e quase tanta gente quanto matou o primeiro pico de mortalidade elevada em maio de 2021. A morte não foi tão “leve” quanto divulgaram os políticos e a mídia em geral que induziu à abertura geral e ilimitada dos serviços públicos e atividades sociais sem máscaras, com vacinação lenta e exclusão de público deliberadamente exposto, vulnerável no trabalho e por falta de recomendação de barreiras.
A ‘4a onda’ do mês de janeiro de 2022 foi amplamente ignorada pela mídia nacional brasileira, noticiando a suspensão das medidas de barreira por máscaras e distanciamento social. Outros países do mundo viveram realidades diferentes como EUA, Inglaterra e Rússia.
Os EUA tiveram picos casos e mortes com perfil elevado comparados aos da Inglaterra e francamente piores que os relatados pela Rússia, cujo “isolamento internacional” pode ter gerado alterações de contágio verdadeiras e alterações de registro e notificação falseados dentro e fora do país pela desinformação decorrente da guerra com a Ucrânia iniciada em 24 de fevereiro de 2022. Se os dados russos forem verdadeiros e historicamente confirmados poderão ser o testemunho de que a diminuição das viagens internacionais beneficiaram o controle da epidemia dentro do país, mesmo com vacinação deficiente e um forte movimento antivacinal. O pico do dia 6 de abril na Inglaterra pode ser um “aviso” enviado pela nova cepa de vírus que está ensaiando uma viagem de férias em direção ao inverno da América Latina. Hoje (9 de abril) ainda três dias depois do influenciador de Youtube Felipe Neto dizer em Londres que pegou a COVID-19 na Europa, não sabemos se o vírus já pegou carona de avião para o Rio, Fortaleza, Recife, Salvador, Brasília ou São Paulo.
A ilusão da mídia e meios políticos empresariais de que a mortalidade “caiu” e chegamos ao “fim da Pandemia” se desfaz ao compararmos o pico de mortes diárias dos últimos vinte e oito dias (4 semanas epidemiológicas) com o picos semanais acima de duzentas mortes por dia, o que no linguajar de comparação com acidentes de aviação significa “derrubar um Boeing” com por dia. Praticamente não existe família no país que não tenha perdido um ente querido para a COVID-19. O pico da mortalidade acontecido em janeiro de 2022 coincidiu com a liberação de atividades públicas no Brasil em praticamente todos os níveis, do governo federal aos dos estados e municípios, com destaque para Brasília – Distrito Federal. Todos tiveram em mente a corrida eleitoral e não seguiram nenhuma orientação científica profissional dos ramos da saúde pública. Não existe no país nenhum sanitarista de renome que não tenha vergonha de colocar sua reputação em jogo apoiando estas medidas políticas de liberação sem base epidemiológica.
A vacinação vem caindo no último mês, contrariando as expectativas de extensão da vacina para crianças, com a probabilidade de finalmente serem liberada a vacinação para as crianças de dois a cinco anos de idade para serem imunizadas com as vacinas já testadas em vários países e disponíveis no Brasil.
Temos portanto um cenário de facilitação da mortalidade que ocorre por omissão deliberada do governo central do país e para escárnio da opinião pública mundial dos setores técnicos que acompanham a Pandemia. Deixa-se claro que a Pandemia não acabou e ela se renova, a cada onda. As maiores mutações que escapam à cobertura das vacinas chegam de todos os países europeus e da Ásia Central que não dispõem de sistemas públicos de vacinação eficientes ou estão destruídos pela crise econômica e pela guerra, como é o caso dos países do cinturão tomado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte após a queda da URSS [Letônia, Lituânia, República Tcheca, e Bósnia-Herzegovina] – É o chamado “OTANistão”. Solidário neste sofrimento é o povo do Peru, que na América Latina é o que mais tem sofrido a Pandemia e a sucessão de governos neoliberais antipopulares. O Brasil segue com anotações de “dados não confiáveis” nas fontes internacionais depois que um ex-funcionário da administração privatizante entregou os dados de saúde de todos os cidadãos brasileiros para a Amazon Web Services. Para este ‘ex-funcionário’ bem como seus chefes e ministros de plantão não existiu nem funcionou a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Esta privatização da vida alheia foi feita de cabeça pensada, provavelmente antes que a referida lei entrasse em vigor. Um crime perfeito como a desídia pública em relação à COVID19?