Brasil perde Chicão, um gigante da Reforma Sanitária
Ex-presidente do Cebes Francisco de Assis Machado, o Chicão, faleceu nesta segunda-feira (5), mas deixa um imenso legado de luta pela saúde pública e cidadania.
O SUS e a história da saúde pública brasileira têm nomes extraordinários em sua construção, um deles perdemos hoje: Francisco de Assis Machado, o nosso Chicão.
Chicão marcou fortemente o movimento sanitarista brasileiro e deixa um legado inestimável para a saúde pública no Brasil. Foi presidente do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes) e dedicou sua vida à luta pela saúde como um direito universal e inalienável, acreditando na justiça social e na equidade. A trajetória de Chicão se entrelaça com a própria história do SUS, sendo um dos protagonistas na criação e defesa deste sistema que é um marco na história do Brasil.
Sua visão de um sistema de saúde acessível a todos, independentemente de sua condição socioeconômica, guiou suas ações e inspirações ao longo dos anos. Ele acreditava que o SUS deveria ser um sistema resiliente, capaz de se adaptar às variadas necessidades de uma população diversa e extensa.
Sua contribuição não se restringiu apenas às políticas públicas. Chicão foi um educador nato. Estudos e obras como “O SUS que eu vivi” não são apenas registros históricos, mas verdadeiros guias que refletem sua paixão e dedicação à causa da saúde pública. Em suas páginas, ele compartilha não apenas a história do SUS, mas também suas experiências pessoais, dificuldades e vitórias na luta por um sistema de saúde mais justo e eficaz.
“Que tempos incríveis foram aqueles! Tempos de resistência, mas, por paradoxal que pareça, tempos de construção do novo: de novas identidades, de novas relações de poder, de novas formas de exercício das práticas profissionais, de novos instrumentos de gestão, de amizades, de alianças, de conhecimentos alternativos e de institucionalidades que permitissem forjar uma nova sociedade” (Sônia Fleury)
Chicão nos leva a percorrer uma fase de sua vivência onde encontramos as raízes do SUS, experimentadas em diferentes projetos alternativos ao modelo de política de saúde vigente no período da ditadura. Com ele viajamos pelo Vale do Jequitinhonha, por Montes Claros, pela burocracia de Brasília e pelo interior do Brasil na implantação do PIASS (Programa da Interiorização de Ações de Saúde e Saneamento).
A comunidade de saúde pública perde não só um líder, mas também um amigo, um mentor e um guerreiro incansável. Chicão deixa um exemplo de vida dedicado ao serviço público e ao bem-estar coletivo, um modelo a ser seguido por futuras gerações. Sua partida nos lembra da importância de continuarmos a lutar por um SUS forte, universal e resiliente, garantindo que seus sonhos e ideais permaneçam vivos.
Que sua memória esteja presente e que sua luta inspire muitos a seguir seu caminho de dedicação e amor ao próximo!
Para conhecer mais a história desse grande sanitarista, baixe aqui o livro “O SUS que eu Vivi”.
O velório será nesta teBelo Horizonte, das 8h30h às 11h30.