Carta às Mulheres Trabalhadoras e Ativistas pela Saúde
Para todas as mulheres que constroem o cotidiano do SUS, defendem e vivem a luta pelo direito à saúde e que atuam na docência e na pesquisa em saúde coletiva
O Cebes reconhece vocês como a espinha dorsal da saúde no Brasil. São enfermeiras, psicólogas, médicas, assistentes sociais, técnicas de enfermagem, cientistas, pesquisadoras, professoras, gestoras e cuidadoras. São também usuárias, militantes e defensoras incansáveis do direito à saúde.
No dia 8 de março, celebramos suas conquistas, mas também reforçamos que ainda há muito a ser feito. As mulheres são maioria na linha de frente da saúde, mas seguem enfrentando desigualdade salarial, jornadas exaustivas, sobrecarga física e mental, perda de direitos e assédio. No Brasil, são as mulheres – especialmente as negras – que sustentam grande parte do trabalho no SUS, frequentemente invisibilizadas e submetidas a condições precárias de trabalho. Não há efetivação do direito à saúde sem mulheres. Não há SUS sem a luta das mulheres nos conselhos, nas conferências e na luta feminista.
A luta pelo direito à saúde integral e universal é também a luta pela autonomia sobre nossos corpos. Nossa saúde pressupõe o exercício pleno de nossos direitos sexuais e reprodutivos, portanto, esses direitos são inegociáveis, e estaremos na resistência contra os retrocessos. Não podemos continuar assistindo, de forma indiferente, às mortes evitáveis de mulheres no exercício da reprodução e da maternidade. Todas devem ter acesso à atenção integral e a um cuidado digno, humanizado, livre de violência obstétrica, que lhes garanta vida, saúde e autonomia sobre o próprio corpo.
Sim, ainda temos um longo caminho na busca pela atenção integral a todas as mulheres e suas especificidades por raça, cor, idade e orientação sexual, considerando todas as suas necessidades e demandas de saúde em todas as fases da vida – do acesso à contracepção segura à informação que lhes permita a escolha e à assistência integral ao aborto.
A criminalização e o desmonte das políticas de saúde sexual e reprodutiva constituem retrocessos inadmissíveis, que afetam especialmente as mulheres mais vulneráveis – negras e periféricas –, aprofundando desigualdades e negando-lhes o direito e a liberdade de decidir sobre seus próprios corpos. Não podemos aceitar retrocessos. Saúde é direito universal, não privilégio para poucas!
Por isso, neste Dia Internacional da Mulher, reafirmamos o compromisso com uma saúde verdadeiramente universal, integral, equitativa e livre de discriminação de gênero, raça, classe social e orientação sexual. A luta do Cebes se reafirma na luta das mulheres por melhores condições de vida, por um Estado protetor e por um SUS que garanta acesso e qualidade, respeite e proteja todas as mulheres, cuidando para que nenhuma fique para trás.
Cebes – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
Veja a programação de alguns eventos realizados no Brasil e ao redor do mundo: