Carta de Sonia Fleury a direção da EBAPE/FGV
Ao Flavio Vasconcelos,
E demais membros da Direção da EBAPE
No dia 13 de março fui convocada para um encontro na sua sala. Como você nunca me chamou para conversarmos sobre o trabalho que desenvolvo, não me surpreendeu que o motivo fosse minha demissão. Sim, me surpreendi com o fato de você estar acompanhado de dois outros professores que fazem parte de seu grupo dirigente. Achei desnecessário, mas, imediatamente compreendi que se tratava de personificar os papéis em jogo neste encontro. Para usar a linguagem da investigação, que está na moda, eram o Formulador, o Executor e o Operador.
Me foi dito uma única frase como explicação para minha demissão, depois de 35 anos de trabalhos na instituição: “tenho um mandato para fazer renovação”.
Isso lhes pareceu suficiente, e só pude retrucar que minha saída representava uma grande perda para a escola. Ainda tenho um projeto do Dicionário Carioca de Favelas que é financiado pela Rede de Pesquisas Aplicadas da FGV, em contrato até agosto de 2019. Espero que possa ter continuidade, já que representa compromisso assumido, em nome da FGV, com mais de uma dezena de instituições parceiras, envolvendo até o momento mais de 130 profissionais engajados na elaboração dos verbetes. Para nosso orgulho e consternação, Marielle Franco foi uma das autoras do nosso Dicionário.
Se para vocês uma frase pareceu ser suficiente para me demitir, para mim ficou faltando muito a ser falado. Vou lhes explicitar o que não foi dito, mas que não pode ser interdito:
Assine a petição pública em solidariedade a Sonia Fleury.