Carta Manifesto – Em Defesa da Vida e Orientações para as manifestações de 21 de junho
No final do texto, publicamos essa Carta Manifesto e as Orientações Gerais para a Manifestações desse dia 21 de junho de 2020
Carta Manifesto – Em Defesa da Vida
Solidariedade aos Profissionais de Saúde mortos por Covid- 19
Brasil – pais com maior número de mortes de médicas, médicos, enfermeiras e enfermeiros pela Covid-19
O conjunto das entidades que subscrevem esse documento realizarão neste domingo, dia 21 de junho de 2020, uma série de atos simbólicos em relação à atual crise sanitária vivida frente à pandemia da COVID-19.
O Brasil além de ser hoje o segundo país em número de casos e de mortes, tem outros dados que também são alarmantes. Segundo dados do Sindicato dos Médicos de São Paulo (SIMESP) e do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), até o dia 17 de junho de 2020, somos o país do mundo com maior número de mortes de médicas e médicos (ao todo 139 profissionais) e de enfermeiras e enfermeiros (ao todo 190 profissionais) por COVID-19. Apesar das dificuldades de acesso aos dados, com prováveis subnotificações, somos possivelmente o país do mundo com maior mortalidade de trabalhadoras e trabalhadores da saúde por COVID-19.
Também pelo andar dos acontecimentos chegaremos em breve à quantidade de 50 mil óbitos por COVID-19, em período de apenas 04 (quatro) meses, algo catastrófico pensando o curto período de tempo e o fato de se tratar de uma única doença.
Para se ter uma ideia da dimensão disto, em todo o ano de 2018 no Brasil houve 150.814 mortes por causas externas de morbidade e mortalidade, que inclui todas as mortes por acidentes e agressões, homicídios, violência.
Diante dessa situação iremos realizar no dia 21 de junho de 2020, nesse próximo domingo, às 10:00hs, em todo o Brasil, manifestações ou atos simbólicos de homenagem e respeito aos pacientes e profissionais de saúde que faleceram diante da pandemia. Além da homenagem a essas milhares de vítimas também nos manifestamos:
- Em solidariedade às famílias, amigos e colegas de profissionais de saúde que morreram por COVID-19;
- Para alertar que a maior parte das mortes por COVID-19 em nosso país são evitáveis, caso o Governo Federal não tivesse uma posição genocida frente à pandemia;
- Contra a intervenção militar do Ministério da Saúde, que vem comprometendo sobremaneira o trabalho técnico frente à pandemia;
- Contra as declarações do presidente da República, hostis aos profissionais de saúde, incentivando agressões a trabalhadores de saúde em seu ambiente de trabalho;
- Contra o silêncio e cumplicidade das entidades médicas, especialmente o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Federação Nacional dos Médicos (FENAM), frente às posições do Governo Federal. Além disto, nem mesmo nos sítios eletrônicos dessas entidades conseguimos saber quantos e quais os colegas médicos perderam a vida;
- Por segurança no ambiente de trabalho dos profissionais de saúde. Demandamos mais Equipamentos de Proteção individual (EPI), e a reorganização de processos de trabalho, por gestores na saúde pública e empresas de saúde, que possibilitem menores impactos da exposição à doença ou ao stress produzido pela pandemia;
- Pelo apoio a Campanha Leitos Únicos – Vidas Únicas, que garanta para toda a população fila única de acesso às UTI a partir do SUS, tanto nos serviços públicos como na saúde suplementar;
- Pelo aporte adequado de financiamento do Sistema Único de Saúde. Pela supressão da Emenda Constitucional 95 (EC- 95), que congela gastos em saúde pública por 20 anos. O SUS salva vidas!!!
- Vidas Negras Importam e Vidas Indígenas Importam – total solidariedade à população negra de nosso país, maioria do povo brasileiro, minoria nos espaços de representação institucional e que vem sofrendo especialmente junto às áreas de maior vulnerabilidade social os impactos da pandemia em curso. E solidariedade aos povos indígenas, que vem sofrendo frente à ostensiva do agronegócio, a escalada dos crimes ambientais e a postura etnocêntrica do governo atual;
- Contra a Portaria MEC nº 544, de 17 de junho de 2020, que estabelece a possibilidade da realização de estágios curriculares dos cursos da área de saúde em caráter online e de forma remota. Além do descaso com as medidas de saúde pública, o Governo Federal vem reforçando seu descaso também com a educação de qualidade e com a formação dos profissionais da área da saúde com mais um ataque;
- Contra a perseguição de quadros técnicos do Ministério da Saúde, frente às denúncias de profissionais de carreira que vem sendo vigiados nas redes sociais e na vida privada após a intervenção militar em curso do Ministério da Saúde, remontando práticas dos tempos de arbítrio que o país viveu em períodos ditatoriais.
Assim convidamos a todos e todas colegas profissionais de saúde a estarem conosco nessas atividades simbólicas em todo o país e que possam, às 10 hs da manhã, manifestarem-se em suas casas, em seus locais de trabalho.
Nas seguintes cidades teremos pequenos atos simbólicos em espaços públicos:
- Brasília – DF
- Fortaleza – CE
- Recife – PE
- Caruaru – PE
- São Paulo – SP
- Cuiabá – MT
- Petrolina – PE
- Juazeiro do Norte – CE
- Maceió – AL
- Aracajú – SE
- Belo Horizonte- MG
- Salvador-BA
- João Pessoa-PB
E teremos nas cidades de Florianópolis – SC; Porto Alegre – RS; Campo Grande – MS; Belém – PA; Londrina – PR; Pacaraima – RR; Boa Vista-RR, Canindé – CE; Itapipoca-CE, Sobral-CE, Curitiba-PR, Campinas-SP que possivelmente nessas cidades farão as mobilizações mais focadas nas redes sociais, de forma sincrônica com os outros atos simbólicos presenciais pelo país.
Os locais dos atos serão divulgados próximo à realização das atividades. #oSUSsalvavidasBolsonaroNão e naoesoumagripezinha
Assinam esse Manifesto:
Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares – RNMP
Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia – ABMMD Federação Nacional dos Enfermeiros – FNE
Federação Nacional dos Psicólogos – FENAPSI
Federação Nacional dos Nutricionistas – FNN
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Seguridade Social – CNTSS União Nacional dos Auditores do Sistema Único de Saúde – UNASUS Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia – ABENFISIO
Conselho Federal de Serviço Social – CFESS
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde – CNTS Federação Nacional dos Farmacêuticos – FENAFAR
Federação Nacional dos Odontólogos – FNO
Associação dos Fisioterapeutas do Brasil – AFB
Associação Brasileira de Nutrição – ASBRAN
Associação Brasileira de Terapia Ocupacional – ABRATO Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO
Centro Brasileiro de Estudos em Saúde – CEBES
Associação Brasileira REDE UNIDA
Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina – DENEM Frente Nacional Contra as Privatizações da Saúde