Casos de dengue diminuem 62%

Correio Braziliense – 14/02/2012

O número de casos de dengue registrados nos primeiros 42 dias deste ano desenha, globalmente, um cenário positivo no combate à doença, mas quando analisados por região, os dados também apontam que algumas cidades podem passar pela pior temporada de surto da doença. De acordo com o Ministério da Saúde, desde 1º de janeiro até o último sábado, foram registrados 40 mil casos de dengue no Brasil. O número representa uma queda de 62% nos casos quando comparado ao mesmo período de 2011, quando houve 106 mil notificações. Apesar da queda no índice nacional, 91 municípios de 17 estados estão em situação de risco de surto e 265 cidades, em alerta.

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Vasconcelos, Pernambuco e Tocantins estão com surto da doença, com incidências de 1.491 e 1.573 casos, respectivamente. Embora não esteja no rol de municípios com risco de surto, o Rio de Janeiro é a cidade que mais preocupa. De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os dados chamam atenção para o risco de uma das maiores epidemias na região. Os principais motivos para esse prognóstico são o grau de infestação do mosquito transmissor do vírus, a introdução do tipo 4 da doença, que predominava principalmente nas regiões Norte e Nordeste, e a circulação do tipo 1, comum no Sudeste, no Centro-Oeste e no Sul, deixando as pessoas suscetíveis a dois tipos de dengue. O Rio de Janeiro está no topo dos 10 municípios que concentram 75% dos casos de dengue no país.

O Distrito Federal seguiu a tendência nacional de queda. No início do ano, foram registrados 192 casos frente os 486 do mesmo período do ano passado. O ministério não soube precisar a causa da redução, mas, entre os argumentos, está a temporada mais fria, que é costume no mês de janeiro — a época de maior contágio da doença vai de janeiro a maio. Segundo o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), a maior concentração da dengue está em lixões, depósitos domiciliares e depósitos de águas, como caixas-d”água.

Obstáculos
Padilha destaca que o país ainda tem dois grandes desafios para combater a doença: a falta de saneamento e desenvolver uma vacina capaz de conter a enfermidade. “Nossos dados mostram claramente que, em algumas regiões, a dengue está diretamente relacionada à intermitência do abastecimento de água, o que leva as famílias a terem reservatórios de água, o que consiste em um foco importante em alguns municípios. Em outras regiões, está relacionada ao lixo”, comenta. Quanto à vacina, a maior dificuldade é combinar os quatro tipos de vírus, pois a imunidade desenvolvida para um tipo pode ser um fator de gravidade para o outra variação.

O desafio imediato, segundo o ministro, é manter a sociedade mobilizada. “A maior parte dos vetores estão nas casas das pessoas. O mosquito se adapta muito facilmente ao ambiente humano. Age um mês naquele foco e dois, três meses depois ele pode estar em outro foco na mesma residência”, alerta.

Divulgado vídeo do carnaval
O Ministério da Saúde disponibilizou ontem em seu site o vídeo para o carnaval da campanha de combate à Aids que vai ao ar na tevê aberta.No entanto, diferentemente do que havia prometido, não há enfoque aos jovens homossexuais. As imagens mostram apenas um casal que se intercala ao falar sobre os dados da Aids no país. De acordo com o ministro da pasta, Alexandre Padilha, não era possível manter a linha anterior. “Essa foi a melhor forma para passar a mensagem que queríamos pela tevê”, disse. Na última quarta-feira, o ministério tirou do site da pasta um vídeo que continha cenas de um casal gay se acariciando.