Cebes se une ao pesar pelo falecimento de Álvaro Matida

Matida foi um dos precursores do enfrentamento da epidemia de HIV e AIDS no país, estruturando o programa no Estado do Rio de Janeiro em 1985. Para ele, o enfrentamento da epidemia de HIV/AIDS não se resumia somente às pessoas afetadas, mas, era uma questão de toda sociedade.

NOTA DE FALECIMENTO

É com profunda tristeza que a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro comunica a morte do médico sanitarista Dr. Álvaro Hideyoshi Matida, de 66 anos. Álvaro Matida, servidor público da Secretaria de Estado de Saúde, foi um dos precursores do enfrentamento da epidemia de HIV e AIDS no país, estruturando o programa estadual em 1985. Graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1978), especialista em Ciências Aplicadas à Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública Fiocruz (1981) e Doutor em Saúde Pública – Epidemiologia Geral pela Escola Nacional de Saúde Pública Fiocruz (2003), Matida foi responsável pela estruturação e implementação da Política e do Programa de Aids do Estado do Rio de Janeiro, e Coordenador estadual no período de 1985 até 1999.

Nessa época, antes das possibilidades de tratamento, as ações engendradas por Matida estavam ancoradas no permanente esclarecimento sobre o novo agravo que acometia gravemente tantas pessoas, e, principalmente, estabelecendo diálogos com vários setores da sociedade para o enfrentamento de estigmas e preconceitos vivenciados pelas pessoas que viviam com HIV/AIDS . Organizou a Comissão Estadual de AIDS, instância que reuniu várias personalidades importantes da época, profissionais de saúde (principalmente dos hospitais universitários que naquele momento eram os únicos locais de atendimento) e organizações da sociedade civil que estavam se organizando também em torno do enfrentamento da epidemia.

No cotidiano, à frente da liderança do Programa estadual, sempre brindava a equipe com tiradas inteligentes e esperançosas:
“Tudo bem, Álvaro?”
“Firme como palanque no brejo!”, respondia sempre com um largo sorriso.

A todos com quem trabalhou, ensinou na prática que o enfrentamento da epidemia de HIV/AIDS não se resumia somente às pessoas afetadas, mas, era uma questão de toda sociedade. Não se tratava somente de um agravo para ser enfrentado, mas, sim, uma oportunidade de se olhar e construir estratégias de fortalecimentos de laços solidários, e reconhecer os conhecimentos originários tanto da academia como das práticas de ONGS.

A contribuição de Álvaro Matida para a construção de uma política voltada para o fortalecimento do direito à saúde, da participação, da informação e do respeito às pessoas é a base dessa Política até hoje.
Álvaro Matida foi Secretário Executivo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), no período de 1997 à 2009, destacando-se pelo trabalho de estruturação da organização. Vinha atuando como Assessor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (CRIS/FIOCRUZ). Sua trajetória de vida e produção científica se destacam, deixando uma inestimável contribuição à saúde pública.

Constitui um legado de sabedoria, empatia, esperança e compromisso com as pessoas e suas vidas.
Nossas homenagens, respeito e carinho.

Viva a Vida! Viva Álvaro Matida.

Todos aqueles que trabalharam com Matida ou tiveram a chance de conhecê-lo, seguirão firmes, como palanque no brejo!