Com uso de inteligência artificial em telessaúde, cidades conseguem reduzir sobrecarga do sistema de saúde
Médico atendendo paciente via celular

Pesquisa de Hugo M. P. Morales (Instituto Laura Fressatto), Murilo Guedes (Instituto Laura Fressatto e PUC-Paraná), Jennifer S. Silva (Instituto Laura Fressatto) e Adriano Massuda (Fundação Getulio Vargas). Artigo originalmente publicado na agência Bori

Destaques

  • Pesquisa da FGV analisou dados de julho a outubro de 2020 de plataforma de telemedicina das cidades de Curitiba, São Bernardo do Campo e Catanduva
  • As plataformas de chatbots que fazem uso de IA aumentaram acesso ao atendimento médico de maneira segura
  • Uma política nacional de transformação digital de saúde pode guiar e melhorar a adoção de tecnologias inovadoras a nível municipal

Tele atendimentos médicos com o uso de inteligência artificial (IA) ajudaram a reduzir a sobrecarga do sistema de saúde durante a pandemia de Covid-19. A conclusão é de um grupo de pesquisadores do Instituto Laura Fressatto (de Curitiba), da PUCPR, e da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), que analisaram o uso de uma plataforma de telessaúde em três cidades brasileiras durante a pandemia de Covid-19:  Curitiba, São Bernardo do Campo e Catanduva. Os resultados da pesquisa estão na quinta (17) na revista científica “Frontiers in Digital Health”.

Os pesquisadores detectaram que, ao interagir com a plataforma de chatbot, que faz atendimentos por meio de conversas estruturadas, quase metade (45%) dos mais de 24 mil pacientes atendidos foram classificados com sintomas leves, cerca de 30% foram diagnosticados com sintomas moderados e apenas 14,2% foram apontados como casos graves de Covid-19. Dessa forma, o acesso ao sistema de saúde passa a acontecer de maneira coordenada, apenas para alguns casos em específico.

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é a principal fonte de atendimento para 75% da população, portanto previa-se uma saturação do sistema com o aumento contínuo de casos. Com o uso da plataforma, a redução da sobrecarga acontece justamente pela identificação de casos leves e, eventualmente, de casos moderados, que são monitorados à distância”, contextualiza Adriano Massuda, pesquisador da FGV EAESP e um dos autores do estudo. “O uso de inteligência artificial (IA) permitiu capacitar os atendimentos de telessaúde a ajudar a resolver esse gargalo, aumentando o acesso coordenado dos pacientes ao sistema de saúde, priorizando a recomendação de buscar um hospital apenas nos casos mais graves”, analisa Massuda.

Os autores concluem que a implementação de plataformas de telessaúde com base em IA pode aumentar o acesso dos pacientes aos atendimentos de saúde de maneira segura, especialmente diante de uma situação tão inédita quanto a pandemia de Covid-19. “Implementar um sistema de tele atendimento no Brasil foi possível e pode ajudar a reduzir a sobrecarga nos sistemas de saúde”, concluem os autores.

No entanto, para que tais atendimentos sejam bem sucedidos, é crucial que as plataformas possam se adaptar a necessidades locais, o que deve incluir a possibilidade de fazer alterações na árvore de decisão dos algoritmos dos chatbots”, pondera Hugo Morales, do Instituto Laura Fressato. Com base nos resultados do estudo, a recomendação dos autores é apostar em uma política nacional de transformação digital de saúde, que possa guiar e melhorar a adoção de tecnologias inovadoras, como os chatbots de atendimento, a nível municipal.

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