Crise econômica e disparidades no gasto, oferta e utilização de serviços públicos e privados de saúde no Brasil no período entre 2011 e 2019

Publicação de pesquisadores do Gpedes/UFRJ, coordenado por Ligia Bahia, aborda as repercussões da crise econômica sobre os setores público e privado do sistema de saúde brasileiro entre 2011 e 2019 e realizar uma análise de tendência de indicadores econômicos e assistenciais. Além de Ligia, participaram do estudo publicado no Cadernos de Saúde Pública da ENSP/Fiocruz: Danielle Conte Alves Riani Costa, Jessica Pronestino de Lima Moreira, Artur Monte Cardoso, Leonardo Vidal Mattos, Lucas Salvador Andrietta.

RESUMO
Buscou-se analisar as repercussões da crise econômica sobre os setores público e privado do sistema de saúde brasileiro e realizar uma análise de tendência de indicadores econômicos e assistenciais, elaborados a partir de dados secundários de fontes públicas oficiais, relacionados ao gasto, ao desempenho econômico de planos e seguros de saúde, à oferta e utilização de serviços. Os resultados demonstraram estagnação do gasto público em saúde, redução do gasto público per capita e do acesso aos serviços públicos de saúde. Contrariamente, em um contexto de queda da renda e do emprego, os planos de saúde mantiveram clientes, ampliaram as receitas, os lucros e a produção assistencial. O desempenho positivo das empresas, antes e a partir da crise, pode ser explicado pela tendência de manutenção de subsídios públicos para o setor privado e pelas estratégias empresariais financeirizadas. Conclui-se que a atuação do Estado brasileiro durante a crise aprofundou a restrição de recursos ao setor público e favoreceu a expansão dos serviços privados, o que contribuiu para aumentar a discrepância no acesso a serviços públicos e privados de saúde no país.

Introdução

A crise econômica tornou concreto o debate sobre a sustentabilidade financeira de sistemas de saúde. A repercussão da crise mundial, iniciada em 2008 nos Estados Unidos e intensificada no Brasil nos últimos anos, tornou-se objeto de estudos sobre os efeitos das políticas macroeconômicas nos sistemas de saúde, especialmente quanto aos orçamentos públicos.

No Brasil, o gasto com saúde como percentual do Produto Interno Bruto (PIB) é compatível com o dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 1, mas predomina o financiamento privado. Embora o país tenha um sistema universal (Sistema Único de Saúde – SUS), o gasto público representava, em 2019, apenas 41% do total (incluindo gastos com assistência não SUS a servidores, com participação dos três entes federados), sendo o restante composto por pré-pagamento de planos e seguros voluntários (31%) e desembolso direto (28%) 2. Há, portanto, uma presença destacada de planos de saúde, estimulada por políticas públicas que se conectam com um grande setor privado prestador de serviços.

A expansão das políticas de saúde dos países tende a acompanhar o crescimento econômico, declinar em momentos de crise econômica e recessão, especialmente devido a medidas de austeridade fiscal 3, adotadas justamente quando famílias são atingidas pela queda do poder aquisitivo e outros fatores sociais que provocam aumento das necessidades de saúde e demanda por serviços públicos, além de reforçar a privatização e a mercantilização da saúde 4,5.

A resposta de muitos governos aos efeitos da crise trouxe a austeridade de volta ao primeiro plano nas discussões sobre política econômica. Entre a possibilidade de redução do déficit pelo aumento dos impostos ou pelo corte de gastos, a segunda opção foi predominante e recaiu essencialmente sobre o gasto social 6.

As políticas adotadas para o enfrentamento da recessão tiveram diferentes desdobramentos sobre orçamentos e ações de saúde pública. Alguns países preservaram padrões históricos, como a França, ou expandiram o gasto público per capita com saúde em resposta à crise, como Alemanha e Estados Unidos. No Reino Unido, houve redução no ritmo de crescimento dos orçamentos públicos para saúde relativamente ao período pré-recessão. Espanha, Itália e Portugal apresentaram estagnação do gasto público per capita. Aqueles que aderiram à austeridade fiscal e reduziram seus orçamentos para a saúde, como Grécia e Irlanda 1, tiveram como consequência a restrição do acesso 6,7. O Brasil se situou entre os países que cortaram gastos sociais, com impacto sobre o financiamento da saúde 8,9.

As especificidades da crise brasileira

A crise de 2008 refletiu-se na economia brasileira por meio da contração do crédito, queda no preço das commodities e desvalorização do Real diante do Dólar, evidenciando o padrão de especialização em bens de baixo teor tecnológico e o caráter dependente de nossa integração à economia mundial 10. A retração da demanda agregada provocou dois trimestres consecutivos de queda do PIB em 2009. O governo concentrou medidas emergenciais na manutenção do consumo das famílias e da liquidez das empresas, por meio de crédito, investimentos estatais e programas sociais 8.

Os efeitos imediatos da crise de 2008 não foram sentidos no Brasil com a mesma intensidade de outros países. A economia brasileira se manteve sob os efeitos do ciclo de crescimento anterior. O período de 2004 a 2010 se caracterizou pela combinação de condições externas favoráveis e arranjo macroeconômico indutor da demanda 8. Ressaltam-se fatores como a alta nos preços de commodities; políticas de transferência de renda, valorização do salário mínimo 11 e estímulo ao consumo das famílias 12. A economia brasileira manteve a rota de crescimento até as eleições de 2010. A partir de então, a priorização de renúncias fiscais e a corrosão dos fatores que sustentaram o ciclo de crescimento prévio levou à desaceleração econômica entre 2011 e 2014 8.

Por essa razão, a dinâmica da crise no Brasil foi distinta da internacional e esteve condicionada pelo esgotamento do ciclo de crescimento 13. Adota-se aqui a periodização elaborada por outras análises, que consideram que a recessão começou no último trimestre de 2014 e foi evidenciada na análise de indicadores econômicos a partir de 2015 14. O período subsequente caracteriza-se por grande turbulência política, provocando mudanças em políticas macroeconômicas e reformas na legislação relacionada ao gasto público e ao orçamento da saúde 8.

A literatura demonstra as disparidades entre o público e o privado 15 e os impactos da crise econômica nas condições de saúde, no financiamento 16 e na oferta de recursos humanos 17. Especificamente quanto ao impacto da crise no acesso aos serviços de saúde, a produção científica nacional é mais escassa e tende a focalizar a avaliação em recortes regionais 18, por área de atenção 19 ou a utilização de serviços por meio de dados autorreferidos 20. Há carência de estudos sobre os impactos da crise e dos cortes financeiros no SUS nos indicadores e serviços de saúde no que se refere ao acesso e à efetividade 18. Os efeitos da crise nos planos de saúde são pouco explorados e enfatizam a cobertura de clientes 21.

Buscando compreender as repercussões da crise econômica sobre os setores público e privado do sistema de saúde brasileiro, este estudo analisa tendências de indicadores econômicos e assistenciais relacionados ao gasto, ao desempenho econômico de planos privados de saúde, à oferta e à utilização de recursos assistenciais, no período anterior e a partir da crise.

Métodos

O artigo se apoia em uma análise da tendência de indicadores econômicos e assistenciais, relacionados aos setores público e privado de saúde, por meio de dados secundários disponíveis em fontes públicas oficiais. Foram utilizados indicadores do financiamento público e do desempenho de planos de saúde, bem como da produção e oferta de recursos assistenciais.

As tendências foram delimitadas de forma a analisar os efeitos da crise econômica no sistema de saúde em dois períodos: pré-crise, de 2011 a 2014, e a partir da crise, de 2014 a 2019.

Para o financiamento do SUS, foram considerados indicadores do gasto público com ações e serviços públicos de saúde (ASPS) por nível de governo (federal, estadual e municipal), o gasto per capita e os gastos tributários com saúde, que constituem despesas públicas indiretas do governo, baseadas em isenções ou abatimentos de impostos e outros tributos sobre assistência médica privada financiada por indivíduos e empregadores.

Gastos federais foram obtidos do Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) do Governo Federal 22. Despesas estaduais e municipais foram extraídas do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) 23. O gasto público total representa a soma dos três níveis. Os gastos per capita foram calculados dividindo o total pelas respectivas estimativas da população brasileira para 1º de julho de cada ano analisado, com base no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 24,25. Os gastos tributários com saúde tiveram como fontes os demonstrativos de gastos tributários – bases efetivas do Ministério da Economia 26 -, nos quais foram selecionadas as rubricas “despesas médicas”, do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), e “assistência médica, odontológica e farmacêutica a empregados”, do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ).

Para as empresas de planos de saúde, foram analisadas receitas e despesas assistenciais, totais e per capita, divulgadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) 27. Os valores per capita foram calculados pelo número de beneficiários em junho de cada ano. Com a finalidade de apreender o desempenho econômico das empresas de planos de saúde, foram calculados um indicador de lucratividade, a margem líquida – definida como a razão entre lucro líquido e receita líquida -, e um indicador de rentabilidade, o retorno sobre capital próprio – definido como a razão entre lucro líquido e patrimônio líquido ou social 28 -, a partir das demonstrações contábeis da ANS 27.

Todos os valores monetários foram deflacionados para Reais (R$) de 31 de dezembro de 2021 pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) 24,25. As análises longitudinais (horizontais) e proporcionais (verticais) foram realizadas com dados deflacionados.

Os indicadores da oferta pública e privada contemplaram as seguintes informações: leitos de internação, leitos de internação por mil habitantes, leitos complementares – unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal/pediátrica e UTI adulto -, tomógrafos computadorizados e aparelhos de ressonância magnética (absoluto e por 100 mil habitantes). Os dados foram obtidos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) 29. As informações sobre número de leitos foram organizadas em duas categorias – “SUS” e “Não SUS” -, sendo esses últimos considerados disponíveis para os planos de saúde. Com relação aos equipamentos, utilizou-se a categoria “Disponíveis SUS” e foi criada a categoria “Não SUS”, calculada a partir da subtração das categorias “Em uso” e “Disponíveis SUS”. Os dados anuais foram calculados pela média da oferta nos 12 meses de cada ano.

Os indicadores de produção de serviços de saúde foram baseados em dados sobre internações, consultas, procedimentos quimioterápicos e radioterápicos. Os indicadores utilizados foram: taxa de internação geral por mil habitantes; número de consultas médicas ambulatoriais e por pessoa; quantidade de procedimentos radioterápicos por mil habitantes; e quantidade de procedimentos quimioterápicos por mil habitantes. Para calcular a produção por habitantes, os números absolutos foram relativizados pelo potencial de usuários do SUS, considerado de duas formas: o total da população brasileira segundo o IBGE e o total subtraído do número de clientes de planos de saúde em cada ano, a fim de identificar a quantidade de potenciais usuários do SUS. Embora os clientes de planos de saúde também possam ser atendidos no sistema público, a exclusão dessa parcela da população nos denominadores pode sinalizar diferenças nos resultados dos indicadores de produção e oferta.

Os dados de produção de serviços públicos foram retirados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) 30 e do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) 31. Com relação aos planos de saúde, foram usados dados extraídos dos mapas assistenciais da ANS e relativizados pelo número de clientes de planos em junho de cada ano 27. No que se refere à quimioterapia, foram considerados os procedimentos ambulatoriais e hospitalares, disponíveis no SIA, no SIH e no mapa assistencial. A radioterapia megavoltagem nos planos de saúde foi comparada à radioterapia com acelerador linear de fótons e radioterapia com acelerador linear de fótons e elétrons no SUS.

Por fim, o valor médio por internação no SUS despendido pelo Governo Federal foi extraído do SIH 31; e nos planos de saúde, do mapa assistencial da ANS 27. O cálculo foi obtido por meio da razão entre o valor gasto com internações e o número de internações em cada ano.

Resultados

Gasto público em saúde

A Tabela 1 mostra os gastos públicos com ASPS por nível de governo de 2011 a 2019. No período de crise, o gasto público com saúde no Brasil sofreu pequenas flutuações. Considerando o coeficiente de uma regressão linear em cada período, verificou-se que as taxas médias de crescimento anual variaram de 4,3% no período de 2011 a 2014 para 0,7% no período de 2014 a 2019. A participação da União vem sendo reduzida ao longo da série estudada, passando de 45,3%, em 2011, a 42,4% em 2014 e chegando a 42,2% em 2019. A parcela dos estados e Distrito Federal se manteve em torno de 26% no mesmo período, enquanto os municípios parecem ter absorvido a redução do Governo Federal, passando de 28,8%, em 2011, para 31,6% em 2019 Tabela 1.

O gasto per capita, incluindo toda a população, apresentou variação média anual de 2,31% entre 2011 e 2014, atingindo R$ 1.610,00 nesse ano. A partir da crise, o gasto caiu para R$ 1.587,00 por pessoa em 2019 (quando excluídos os clientes de planos de saúde, R$ 2.044,00) Tabela 1.

Quanto ao gasto tributário federal com saúde no Brasil, que representa o valor que o Governo Federal deixa de arrecadar a partir da dedução das despesas em saúde no imposto de renda dos contribuintes, tanto os gastos com despesas médicas (pessoa física) como os de assistência a empregados (pessoa jurídica) aumentaram entre 2011 e 2014. Desde o início da crise, ambos continuam a crescer, embora as deduções individuais tenham crescido mais do que no período anterior (em média, 6,5% por ano), enquanto as empresariais cresceram menos (em média, 4,8% ao ano).

Destaca-se que, em 2019, as deduções no imposto de renda foram de R$ 20,9 bilhões para pessoas físicas e de R$ 7,9 bilhões para jurídicas Tabela 1. A soma dos dois subsídios equivalia a 6,9% do gasto público total com saúde em 2014 e a 8,6% desse total em 2019. Observa-se, no período pós-crise, menor variação anual média do gasto público total e per capita, além de maior variação no gasto tributário federal total, principalmente devido às deduções no IRPF.

Receitas de empresas de planos de saúde

A Tabela 2 mostra o volume de recursos mobilizados por empresas de planos de saúde no Brasil. No período anterior à crise, as despesas assistenciais exibiram maior crescimento médio anual (8,9%) do que as receitas provenientes de contraprestações (8,2%). Já no período de crise, as receitas passaram a apresentar maior crescimento anual (5,4%) em relação às despesas assistenciais (4,9%). Constata-se que as empresas de plano de saúde conseguiram aumentar suas receitas durante a crise. As despesas assistenciais per capita apresentaram crescimento, com maior variação anual média no período de crise (6,5%), alcançando R$ 4.269,00 por cliente em 2019.

Os indicadores de lucratividade e rentabilidade calculados indicam uma clara trajetória de piora até 2013 e melhora a partir de 2014, isto é, antes mesmo do início do período considerado de crise. Embora indicadores contábeis também devam ser comparados com outros setores, a evolução ao longo do tempo mostra inequívoca maior capacidade de gerar lucros diante das receitas e do patrimônio das empresas do setor, com variações anuais médias maiores no período de crise econômica em comparação ao período anterior Tabela 2.

Oferta e produção de serviços de saúde

A Figura 1 sintetiza indicadores de oferta de serviços de saúde da rede SUS e Não SUS. Nas Figuras 1a e 1b, observa-se que o número absoluto de leitos de internação e a média de leitos por pessoa disponíveis para o SUS vêm diminuindo, mesmo antes da crise. Constata-se uma perda de 35.080 leitos da rede SUS ao longo dos nove anos estudados. A perda média por ano foi de 3.806 leitos ao ano antes da crise e de 4.733 a partir da crise. Já na rede hospitalar ligada aos planos de saúde, há certa estabilidade, com crescimento no número absoluto de leitos e na média por pessoa na crise, acentuada pela redução do número de clientes. Em números absolutos de todo o período, houve um aumento de, aproximadamente, 8 mil leitos disponíveis para planos de saúde.

Houve aumento da oferta de leitos de UTI neonatal/pediátrica Figura 1c) e de leitos de UTI adulto Figura 1d), em ambos os segmentos, mesmo com a crise. Os números de leitos disponíveis para os setores público e privado de saúde são muito próximos quando se trata de números absolutos.

Os equipamentos de tomografia computadorizada tiveram um crescimento acentuado na rede Não SUS e uma taxa que chega a quase seis aparelhos por 100 mil habitantes em 2019, enquanto no SUS essa taxa atinge somente um equipamento ao fim do período Figura 1e). Com relação aos aparelhos de ressonância magnética, também foi possível observar um incremento mais expressivo na rede privada. Na rede SUS, as taxas da oferta não atingiram 0,5 aparelho por 100 mil habitantes, havendo estabilidade no período estudado Figura 1f).

A Figura 2 apresenta os indicadores de produção de serviços e procedimentos de saúde realizados no Brasil, no período de 2011 a 2019, entre os setores público e privado. Observa-se, no período da crise, estabilidade na taxa de internação geral por mil habitantes no sistema público e um rápido aumento no setor privado, com taxa 3,4 vezes maior que o público Figura 2a).

O número de consultas absoluto Figura 2b), que vinha aumentando na rede pública no período anterior à crise, iniciou um expressivo processo de decréscimo desde o início da crise. Já na rede privada, o número de consultas se manteve estável em todo período.

O número de consultas por pessoa também é superior na rede privada (sempre acima de quatro consultas por pessoa/ano) e esse valor manteve uma certa estabilidade, inclusive depois da crise. No SUS, a partir da crise, as tendências mudam, com queda acentuada nas médias do número de consultas por paciente realizadas pela rede pública, chegando a 1,7 consulta por pessoa em 2019 Figura 2c).

Houve tendência de crescimento dos procedimentos quimioterápicos na rede SUS. Entre os planos de saúde, a quantidade por mil habitantes, embora superior à do SUS, apresentou queda acentuada a partir da crise, com exceção do ano de 2017, que registrou pico no número de procedimentos quimioterápicos realizados Figura 2d). Na radioterapia, a situação se inverteu. No SUS, observou-se maior quantidade absoluta de procedimentos realizados e crescimento em todo o período, com estabilidade nos três primeiros anos da crise (média de 44,1 por mil habitantes). Posteriormente, essa taxa apresentou crescimento, atingindo 50,1 por mil habitantes em 2018. Optou-se por não apresentar os dados de 2019 para o SUS, pois estão incompletos (faltam os últimos seis meses) e parcialmente inconsistentes com a série (maio e junho), ainda que uma anualização com base nos primeiros quatro meses mostraria uma taxa de 50,3 por mil habitantes. Na rede privada, houve queda acentuada no número de procedimentos radioterápicos desde o início da série Figura 2e).

Além das diferenças apresentadas entre os setores público e privado de saúde, os valores médios de remuneração para internação são bem discrepantes entre os segmentos. A magnitude dos valores pagos foi muito maior no setor privado, com média de R$ 9.445,76 por internação contra a média de R$ 1.631,29 na rede SUS no período estudado. Sabe-se, no entanto, que a parcela despendida pelo Governo Federal não é a única no financiamento das internações, havendo também aportes estaduais e municipais.

Discussão

As repercussões da crise econômica foram distintas para os setores público e privado de saúde no Brasil. Os resultados do estudo demonstram o aprofundamento da desigualdade na oferta, uso e financiamento da rede pública e privada. As principais consequências da crise para o sistema de saúde brasileiro foram: estagnação do gasto público, restrição de acesso a serviços públicos e sobrecarga das famílias e indivíduos no financiamento da saúde. No que se refere ao setor privado, não houve comprometimento dos retornos financeiros de planos de saúde.

Os gastos públicos em saúde sofreram os efeitos imediatos da crise, com redução do financiamento por dois anos consecutivos (2015 e 2016) e posterior retomada nos anos seguintes. Entretanto, ao considerar o gasto per capita, verificou-se a permanência em declínio, tendo em vista o aumento da população ao longo dos anos. A sustentação do gasto federal e do gasto municipal, ainda que em patamares muito baixos, evitaram uma queda mais acentuada das despesas do SUS.

A relativa estagnação do gasto público no período de crise deve ser compreendida em um contexto de mudanças na legislação, em especial no âmbito federal. A Emenda Constitucional (EC) nº 86/2015 redefiniu os gastos federais para um percentual da receita corrente líquida. Em seguida, a EC nº 95/2016 instituiu o teto para gastos públicos e congelou os gastos sociais por 20 anos 32. Considerando que a EC nº 95/2016 começou a ser aplicada em 2018, as perdas orçamentárias derivadas dessa medida só apareceram no fim do período. Pesquisas estimaram a perda orçamentária no valor de R$ 22,5 bilhões entre 2018 e 2020 33,34.

A instituição do SUS enquanto política de Estado ocorreu mediante mobilização da sociedade após longo período de ditadura militar. A estrutura do sistema permitiu sua resistência a ataques e retrocessos promovidos por distintos governos e receituários de políticas de “instituições financeiras internacionais” 3.

A conformação do SUS proporcionou uma ação descentralizadora e municipalista na operacionalização das políticas públicas de saúde no Brasil, ainda que persistam características de cunho centralizador 35. No período estudado, as instâncias municipais aumentaram sua participação no custeio das ações e serviços públicos de saúde, embora desde a crise essa participação tenha sofrido oscilações. Apesar da importância dos entes subnacionais no financiamento e na oferta direta de serviços de saúde, sua limitada capacidade de arrecadação própria os mantém dependentes das transferências federais 36.

As receitas municipais são mais suscetíveis em períodos recessivos, pois a fonte de arrecadação é baseada, principalmente, em impostos indiretos cuja destinação é predefinida por vinculação orçamentária 36.

Por outro lado, o esforço para o financiamento da saúde pode ser explicado pelo processo político local, pois esse tipo de demanda social tem maior proeminência. O anseio pela viabilização do acesso a serviços coloca a saúde no centro da pauta de eleições municipais, pressionando para que recursos da saúde pública sejam ampliados, inclusive extrapolando os 15% da arrecadação estipulados em lei 37.

Políticas adotadas durante a crise em países europeus, nos quais o crescimento de taxas de utilização foi acompanhado do aumento de copagamentos e compartilhamento de custos, sobrecarregaram famílias e indivíduos no financiamento e alteraram a extensão e os critérios de elegibilidade de seguros e benefícios 38.

Este estudo constatou que no Brasil ocorreu aumento da participação das famílias e indivíduos no financiamento da saúde, mas por outras vias. O incremento observado no gasto tributário de pessoas físicas evidencia que houve acréscimos nos valores pagos em mensalidades de planos, copagamentos e desembolso direto com assistência e medicamentos. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), a assistência à saúde aumentou a participação na despesa de consumo média mensal familiar: 6,5% em 2002-2003, 7,2% em 2008-2009 e 8% em 2017-2018. Nesse último período, destacam-se as despesas com remédios (44,8%), com planos de saúde (31,6%) e com serviços em geral (18,4%) 39.

Os benefícios tributários concedidos pelo Governo Federal contribuem para o crescimento e para a manutenção da prestação privada de serviços de saúde 40,41. As deduções com saúde representam a maior entre as deduções de imposto de renda, à frente, inclusive, da dedução por contribuição previdenciária oficial.

A crise não afetou o setor privado de saúde com a mesma intensidade. Apesar da leve e passageira redução no ritmo de crescimento entre 2014 e 2015, as receitas aumentaram em todo o período, mesmo com o desemprego crescente e a estagnação do número de clientes. A partir da crise de 2014, tanto as receitas quanto as despesas assistenciais cresceram, enquanto os gastos públicos apresentaram baixo crescimento, apesar do aumento da população. A receita das empresas de plano de saúde, de R$ 152,5 bilhões em 2011 e R$ 245,5 bilhões em 2019, representou, respectivamente, 53,1% e 73,6% do financiamento dos três entes federativos para o SUS. Vale ressaltar que o gasto público per capita reduziu durante a crise, enquanto a despesa assistencial por cliente de plano de saúde apresentou aumento no período.

As políticas de apoio governamental e renúncia fiscal precedem a crise, mas criam as condições para a blindagem do setor em períodos desfavoráveis. A acumulação de capital no setor de saúde evidencia tendências de internacionalização e financeirização 42,43,44. As expressões mais evidentes desse processo são a intensificação das fusões e aquisições, a concentração de mercados, a diversificação de atividades, a formação de grandes grupos econômicos, a ampliação de escala e a participação de investidores internacionais nas empresas da saúde 45,46. Somam-se, ainda, fatores como: estratégias empresariais; exclusão de idosos e carteiras de maior sinistralidade; aumentos de mensalidade, copagamentos e franquias; negativas de cobertura; glosas e atraso nos repasses aos prestadores de serviço; redução da comercialização de planos individuais e promoção de “falsos coletivos” 47. O conjunto desses elementos possibilitou a ampliação dos lucros das empresas, como mostram os indicadores de lucratividade e de rentabilidade, em tempos de retração do emprego e renda.

A grande disparidade na distribuição de recursos e na utilização de serviços, consignada na literatura 15,20, é confirmada pela análise de indicadores de produção e oferta. A crise econômica exacerbou a desigualdade entre serviços públicos e privados. Os resultados corroboram estudos que relacionam os cortes nos gastos públicos à redução da oferta e produção de serviços, tal como verificado em países europeus 6,7. As experiências internacionais apontam efeitos mais intensos em sistemas menos maduros por causa dos déficits históricos 16. No Brasil, os impactos da crise na estagnação do gasto público 9 e no aumento das receitas de empresas de planos privados também foram abordados 47,48. Em contrapartida, países como Coreia do Sul e Chile registraram aumentos anuais de gastos com saúde, mesmo após 2008, e apresentaram aumento na oferta e produção de serviços de saúde 1.

Embora os princípios de universalidade e gratuidade do SUS estejam mantidos constitucionalmente, no período de crise aprofundou-se a discrepância entre produção e oferta de serviços de saúde públicos e privados, com destaque para a redução do número de consultas e do número de leitos no SUS. A análise do número total de leitos por mil habitantes no Brasil aponta uma tendência de redução que antecede a crise (2,4 em 2011; 2,2 em 2014; e 2,1 em 2019), tal como ocorrido no Reino Unido, que apresentou redução da proporção de leitos per capita entre 2000 e 2013 (4,1 leitos por mil habitantes em 2000; 3,3 em 2008; e 2,7 em 2014), e nos Estados Unidos no mesmo período (3,5 leitos por mil habitantes em 2000; 3,1 em 2008; e 2,8 em 2014) 1.

O movimento de restrição da capacidade instalada hospitalar tem sido unidirecional, atingindo exclusivamente os leitos públicos. A capacidade instalada de equipamentos de tomografia e ressonância nuclear se mantém superior à do SUS.

Os dados para quimioterapia no setor privado entre 2014 e 2019 não evidenciaram uma tendência nítida, a série histórica apresenta oscilações. É possível que haja inconsistências nas informações prestadas à ANS por cooperativas médicas no ano de 2017, já que a quantidade de procedimentos quimioterápicos informados quadruplicou entre o segundo semestre de 2016 e o primeiro semestre de 2017, destoando daquelas prestadas pelas empresas das demais modalidades. Ainda assim, os dados revelam dois traços característicos: a desigualdade entre os procedimentos para clientes de planos e usuários do SUS (mais que o dobro em toda a série e pelo menos o triplo a partir de 2014, comparando a rede pública com ajuste do número de pessoas); e uma tendência persistente de crescimento na realização de quimioterapias, identificada na rede pública mesmo a partir da crise.

A radioterapia foi a única atividade na qual ocorreu, simultaneamente, um incremento na produção no SUS e uma redução na assistência suplementar. Historicamente, os procedimentos radioterápicos, assim como hemodiálises, são de alto custo, largamente financiados com recursos do SUS 49. Fatores como os investimentos para a instalação dos aparelhos e os mecanismos de regulação impostos pelos planos de saúde contribuem para autorização e pagamento desses procedimentos 49, os quais dificultam o acesso ao serviço, bem como os valores de remuneração. Outra particularidade é a introdução de novas técnicas radioterápicas que têm permitido a redução do número de sessões para o tratamento de alguns tipos de câncer, o que poderia explicar parcialmente a redução das sessões reembolsadas pelo setor privado.

A autorização para abertura da saúde a empresas e capital estrangeiro e seu suposto potencial para reduzir a pressão sobre o SUS 50 parecem não influenciar os diferenciais de uso de cuidados de saúde. A comparação dos resultados com o ajuste, incluindo ou não os clientes de planos de saúde, expõe a permanência das desigualdades entre o público e o privado, ainda que todos os recursos do SUS fossem destinados somente àqueles que não têm planos de saúde.

As medidas governamentais adotadas diante da crise econômica-fiscal-política-institucional, como a redução de recursos federais e a ampliação da interferência legislativa na saúde, desorganizaram o arranjo federativo do SUS 51. Houve o corte de gastos públicos com saúde como medida para lidar com a crise, também observado em países da América Latina 3.

Entre as limitações da pesquisa, situam-se as inconsistências relacionadas aos dados de quimioterapia e a ausência de dados de 2019 para radioterapia, conforme descrito anteriormente, além de o gasto privado com saúde ter sido analisado com base somente nas receitas de prêmios e despesas das empresas de planos, considerando que não há estatísticas anuais sobre valores de desembolso direto com saúde.

Considerações finais

Os achados deste estudo não só corroboram as evidências da literatura no que tange às discrepâncias entre o público e o privado, como apontam que as iniquidades na saúde pública e privada no Brasil foram aprofundadas pela crise, tendo em vista os impactos no gasto, na oferta e na produção de serviços.

A crise econômica gerou oportunidades para empresas de planos de saúde ampliarem receitas e concentrarem recursos assistenciais. O desempenho positivo das empresas pode ser compreendido como integrante do processo de acumulação de capital, que inclui estímulos governamentais para a expansão do setor privado.

Este artigo contribui para a compreensão dos impactos da crise no sistema de saúde brasileiro e da dinâmica de corte de recursos públicos para o SUS versus ampliação do mercado privado de saúde. Torna-se imprescindível avançar em pesquisas que identifiquem como o setor privado de saúde se organiza e continua crescendo durante períodos de crise, além de estudos sobre os efeitos da crise econômica aprofundada pela crise sanitária nos setores público e privado de saúde.

É fundamental que as dimensões pública e privada sejam consideradas em interpretações críticas sobre o sistema de saúde no Brasil. As crises capitalistas tensionam o conflito distributivo e afetam as condições de reprodução social. Consequentemente, ampliar o ângulo das análises sobre políticas de saúde torna-se essencial para detectar não apenas impactos negativos sobre o orçamento ou serviços, mas também as políticas orientadas a beneficiar interesses de determinados grupos econômicos que constrangem as possibilidades de consolidação do SUS.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Conselho de Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro ao projeto Crise Financeira e Impactos sobre as Empresas de Planos e Seguros de Saúde no Brasil: Uma Análise Exploratória (Chamada Universal MCTI/CNPq nº 01/2016; processo nº 432128/2016-6).

Referências

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