Crise política e escalada do capital no Brasil
Rosa Maria Marques e Patrick Rodrigues Andrade
Este artigo tem como propósito destacar os aspectos maiores que deram origem à crise ora vivenciada. Nele procuramos evidenciar, do ponto de vista econômico e político, quais foram os segmentos da sociedade, os setores de atividade e as frações das classes dominantes beneficiadas pelas políticas desenvolvidas pelos governos Lula e Dilma. Isso é apresentado na primeira parte. Na segunda parte, tratamos das frações das classes dominantes que estiveram diretamente envolvidas na desestabilização do governo Dilma desde o momento de sua reeleição, sublinhando o papel da grande mídia como o verdadeiro partido da direita no Brasil, que se apresenta como o representante acabado dos interesses do chamado capital financeiro internacional. Na sequência, na terceira parte, são discutidas as principais propostas dessas últimas frações no tocante ao mercado de trabalho, direitos sociais, papel e funcionamento do Estado, entre outros aspectos, e de que forma a implantação dessas propostas se coaduna com os interesses do capital internacional em avançar sobre a economia do país. Ainda nessa parte, destacamos que o avanço do discurso abertamente de direita, que se traduz na defesa da intolerância sem pejo em vários espaços públicos, ameaça às conquistas obtidas desde o início do processo de redemocratização do país, muito embora muitas vezes parte delas tenha tido pouca efetividade, dada a resistência antes surda por parte da sociedade brasileira. Em Considerações Finais, afirmamos que, embora essas notas tenham caráter exploratório, dado que o processo em análise se encontra em curso, se bem-sucedida for a crise para aqueles que a deflagraram, o resultado da retomada da agenda de reformas de cunho neoliberais (que de certa forma estavam contidas no último período) será uma maior privatização e “estrangeirização” da economia e uma crescente intolerância e repressão aos movimentos sociais e de trabalhadores.