Contagem regressiva

Idoso deixou de ser sinônimo de inativo há muito tempo. O termo velhice ativa, utilizado em países com elevada proporção de velhos na população, tornou-se uma consignação que dá sentido a articulação de políticas sociais para assegurar “mais vida aos anos e não apenas anos à vida”. Infelizmente, ainda tem muita gente importante, que teima em confundir velho com doente. Preocupações concentradas apenas nas relações entre a longevidade e os gastos, especialmente públicos com aposentadorias, pensões e cuidados com saúde podem causar uma “idosofobia” alastrante. Os principais sintomas da síndrome, que ironicamente acomete velhos ou pré-velhos executivos de empresas privadas de planos de saúde são o belicismo e a negação de identidade. Como as despesas no final da vida tenderiam a ser mais elevadas do que a contribuição pretérita, os velhos seriam “bombas demográficas” a serem imediatamente desarmadas para não comprometer o futuro dos jovens. A declaração de guerra, baseia-se na premissa da existência de um passivo crescente e descoberto dos improdutivos.
As dificuldades para compreender as mudanças demográficas e sociais, inclusive em países como o Japão no qual uma em quatro pessoas se encontra acima de 65 anos, transformaram mais uma tentativa de extender cobertura de planos de saúde para aposentados e desempregados em uma batalha. Empresas comparam, equivocadamente, velho com carro batido. E a analogia espúria entre o desgaste de uma máquina ao envelhecimento humano fundamenta a aversão aos idosos. Seguro para sinistros já existentes (no caso dos velhos, pessoas hipoteticamente doentes) contraria a lógica de
imprevisibilidade dos riscos dos contratos de coisas. Logo, se as empresas empregadoras mantêm cobertura para seus trabalhadores aposentados muito que bem, caso contrário, o idoso, que tinha plano de saúde empresarial até a véspera de se aposentar terá que sobreviver sozinho.

Municípios: capacidade financeira e Orçamento Participativo

O sistema político-eleitoral existente em nosso País prevê a realização de eleições a cada 2 anos. Assim, em tese, haveria espaços e momentos específicos para o debate das questões nacional e estadual, separadas da discussão relativa ao âmbito municipal. Sem pretender aqui avaliar os aspectos positivos e negativos desse modelo, o fato é que, apesar de tudo, as eleições municipais ainda tendem a ser “nacionalizadas” ou “estadualizadas” em sua dinâmica política, com todo tipo de conseqüências para a forma do debate travado. Com isso, acaba-se deixando muitas vezes de lado a discussão em torno da gestão pública local, da forma como a cidade vem sendo administrada por seu prefeito e do comportamento dos representantes da população no interior do legislativo municipal. Boa parte da polarização eleitoral tende a ocorrer em torno de quem é candidato alinhado ou não com o governo federal, de quem está sendo apoiado ou não pelo governador do Estado.
Para além do balanço da gestão que se encerra e das perspectivas que podem se abrir para eventual alternativa de bloco de poder no plano local, um aspecto essencial refere-se à capacidade de se promover a criação (ou apenas gerenciar) um volume de recursos compatível com as necessidades existentes quanto às políticas públicas no município. A absoluta maioria dos mais de 5.560 prefeitos, a serem empossados em janeiro de 2013, terão pouca ou quase nenhuma capacidade de resolver o generalizado histórico de graves problemas das respectivas finanças municipais. Os quatro anos de gestão que se abrirão à sua frente representam muito pouco tempo para colocar a gestão econômica em ordem, de forma a abrir espaço para novas perspectivas orçamentárias, voltadas a novos projetos considerados relevantes pela administração pública.

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