Emissão de CO² vai custar caro
Correio Braziliense – 05/06/2012
Segundo o BID, se nenhuma ação for tomada para diminuir a quantidade de gás carbônico na atmosfera, até 2050, países da América Latina terão prejuízos de US$ 100 bilhões anuais
O Brasil e a América Latina terão um prejuízo anual de US$ 100 bilhões até 2050, devido à diminuição da produção agrícola, ao desaparecimento de geleiras, às inundações e às secas. A afirmação está presente em um relatório que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vai divulgar hoje. Para diminuir os prejuízos, a receita é conhecida: reduzir drasticamente as emissões de carbono nas próximas décadas. A cifra do total que deveria ser investido, porém, é tão grande quanto o provável prejuízo caso nada seja feito: US$ 110 bilhões anuais.
Feito em parceria com a Comissão Econômica da América Latina e o Caribe(Cepal)e a World Wildlife Fund (WWF), o documento “O clima e desafio do desenvolvimento para a América Latina e o Caribe: opções para desenvolvimento resiliente de baixo carbono” mostra quais são os principais impactos e os custos estimados de cada um. Segundo Walter Vergara, chefe da Divisão de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade do BID, os países mais vulneráveis são o Brasil e o México. “São os que têm as costas mais extensas, com muita população e infraestrutura”, explica. Um aumento de um metro no nível do mar poderia produzir danos acumulados no valor de US$ 255 bilhões na América Latina e afetariam 6,7 mil quilômetros de estradas.
Embora respondam por apenas 11% dos gases causadores do aquecimento global, os países da região devem sofrer forte impacto econômico. A redução no volume de chuvas, por exemplo, deve impactar a agricultura, atividade econômica fundamental para todos os países da América Latina. A geração de energia hidrelétrica, na qual a matriz brasileira está baseada, também deve ser comprometida com a diminuição de chuvas. A Amazônia deve sofrer com o aumento das temperaturas e uma salinização crescente. “Muitas alterações relacionadas com a mudança do clima são irreversíveis e continuarão a impactar a região a longo prazo”, lamentaVergara.
Levantando a bandeira para diminuir os efeitos das mudanças climáticas, ontem, a modelo Gisele Bündchen, embaixadora da Boa Vontade da ONU, plantou um pé de Sapucaia, espécie típica da Mata Atlântica, em um dos eventos paralelos à Rio+20, o Green Nation Fest, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. A muda foi a primeira de uma série de 50 mil árvores a serem plantadas.
“O mais importante desse evento é conscientizar as pessoas do que está acontecendo com o nosso planeta e do que podemos fazer para melhorar isso. É o nosso futuro, o futuro de vocês”, afirmou a modelo.