Entidade quer soropositivos de volta aos quartéis

O Globo – 04/03/2012

Associação presidida por militares reformados travestis propõe palestras nas Forças Armadas para prevenir disseminação da Aids BRASÍLIA. O general Francisco Távora e o almirante Júlio Saboya, da área de Saúde do Ministério da Defesa, receberam numa audiência, em janeiro, a direção de uma recém-criada associação que trata de tema tabu para as Forças Armadas: a Aids entre os militares. A Associação Nacional dos Militares das Forças Armadas Vivendo com HIV (Asnamfa +) foi criada no final de 2011 e tem na sua direção dois militares reformados soropositivos. Eles são travestis. O presidente da entidade é Eryka Fayson, e o vice-presidente é Jacqueline Brasil. Ambos serviram durante anos na Marinha, no Rio. No encontro, a entidade apresentou suas reivindicações: que sejam suspensas as dispensas dos militares detectados com o vírus; que os reformados por ter Aids possam retornar às forças atuando como “educadores de pares” – palestrantes para alertar os da ativa sobre prevenção -; que os afastados obtenham o grau hierárquico da patente acima da sua quando reformados. Eryka Fayson, hoje com 40 anos, vive em Maceió. Atuou um ano como marujo e outros cinco no Corpo de Fuzileiros Navais. Foi reformado como 3 sargento, mas para obter essa patente teve que ir à Justiça. Recebe uma aposentadoria de R$ 3.060. É filiado ao PV e foi candidato a deputado estadual em 2010, sem sucesso. Eryka conta que a entidade, ainda desconhecida até mesmo pelos militares com HIV, é procurada para apresentar recursos à Justiça e para brigar pelo auxílio-invalidez. – É um dinheiro mais que fundamental, vital para as pessoas se tratarem da doença e viver com alguma dignidade – afirmou Eryka Fayson, que se apresenta como sargento “reformada” da Marinha.