Expansão colonial de Israel sobre a Palestina é tema de debate no Cebes
Cebes Debate trouxe o assunto sob a perspectiva da defesa da vida e da visão crítica
O Cebes é uma entidade que tem como base de sua atuação a defesa da vida. Diante da atual situação que vive a população palestina, depois da invasão das forças israelenses, o Cebes Debate da última segunda (23) trouxe o assunto para discussão.
O presidente do Cebes, Carlos Fidelis destacou que a entidade defende a convivência pacífica entre os dois povos. “Estamos abertos ao debate sobre tudo que está acontecendo, mas temos um centro que é a defesa intransigente da vida, defesa do cessar fogo e das hostilidades”.
O encontro contou com a participação do ex-secretário de Saúde de Bogotá e coordenador global do Movimento para a Saúde dos Povos, Román Vega, e do pesquisador em Política Comparada do Oriente Médio, Gabriel Semerene.
Para Román, a guerra entre Israel e Palestina tem como fundo a pretensão do sionismo em construir um estado israelita às custas da expulsão dos palestinos de seu território. “Lembremos que o sionismo, como movimento político de resistência a perseguição de judeus surgiu no final de 1880 na Europa, paradoxalmente o sionismo se constituiu na existência de um estado que ameaça a existência palestina através do progressivo estabelecimento de assentamentos de colonos que ameaça a existência da população palestina”.
Antes de Israel a dominação aconteceu por parte do império britânico. “A partir de 1917 os britânicos decidiram apoiar o movimento sionista e posteriormente impor a superioridade da minoria judia sobre a maioria palestina através da violência”, explicou Román. Em 1947 os britânicos fizeram sua retirada da Palestina e entregaram a administração à ONU – Organização das Nações Unidas. “Neste processo os Estados Unidos se converteram em novos aliados do sionismo para proteger seus próprios interesses imperiais no Oriente Médio”.
A partir do apoio estadunidense aconteceu a conhecida Nakba (catástrofe) que foi a limpeza étnica que promoveu um êxodo histórico de mais de 700 mil palestinos. Em maio de 1948, os sionistas se apoderaram de grande parte do território palestino e declaram a independência do estado de Israel. Este processo aconteceu também com o apoio da Inglaterra e da França.
Na guerra atual, temos mais de dois milhões de palestinos confinados na Faixa de Gaza sob domínio das forças israelenses com o apoio dos Estados Unidos, França, Inglaterra e Japão.
“O que temos encontrado em Gaza é algo trágico em termos de corte de água, eletricidade, alimentos, medicamentos e o bombardeio contínuo à população e às infraestruturas (…) O que está acontecendo não é apenas uma limpeza étnica, mas um genocídio, um apartheid contra o povo palestino”. – Román Vega – Coordenador global do Movimento para a Saúde dos Povos
O pesquisador em Política Comparada do Oriente Médio, Gabriel Semerene lembrou da importância sobre a observação das notícias que são publicadas na grande mídia sobre a colonização da Palestina. “Geralmente a gente assiste às notícias ou lê os jornais sabendo que é enviesado, mas baseado em fatos, porém o que temos visto é muita desinformação e adoção completamente cega da narrativa de propaganda de um estado colonial”.
Para Gabriel é necessário avaliar ideias que dizem que o “conflito é extremamente complexo”, que é algo que “vem de milênios”. “É uma questão que vem do século XX, recente na história. Se apresentarmos como uma guerra, isso esconde a verdadeira dimensão colonial”, aponta.
“Trata-se apenas de colonialismo, tem particularidades como todos os casos, mas é a mesma fórmula que foi adotada na América do Norte, na América do Sul em níveis diferentes, na Austrália, etc. Simplesmente a ideia de que a Europa ou qualquer potência colonial pode invadir um território, expulsar ou exterminar a população local e implantar colonos”. – Gabriel Semerene – pesquisador em Política Comparada do Oriente Médio
O pesquisador destaca que a mídia tradicional tem apresentado a questão como algo iniciado com o ataque do Hamas ao kibutz israelense em 7 de outubro, sem levar em consideração o que precede historicamente na região. “É uma situação muito perigosa e distópica no que tange à mídia brasileira. Não podemos de forma alguma repetir as narrativas da mídia”.
Até o fechamento deste texto (26-10) foram contabilizadas 7900 mortes, 1400 israelenses (maior parte no dia do ataque do Hamas) e 6.546 palestinos. Sendo 2.700 crianças. Veja no link o posicionamento do Cebes sobre a guerra na Faixa de Gaza.
O Cebes Debate está disponível no canal do Cebes no Youtube ou a seguir: