Faltam medicamentos
Correio Braziliense – 28/8/2012
Com a greve dos servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos fiscais da Receita Federal, a rede de hospitais brasileiros, a indústria e os fornecedores de produtos e insumos para saúde começam a registrar falta de medicamentos destinados ao uso diário em pacientes de várias doenças, incluindo câncer. Também faltam kits para exames clínicos, antifúngicos, destinados ao combate das infecções hospitalares, e insulina para diabéticos.
A secretaria de Saúde do Distrito Federal registrou a falta de estoques do antifúgico anfotericina lipossomal, usado no combate à infecção hospitalar. “Não temos conseguido importação por causa da greve da Anvisa. O hospitalizado corre o risco de sofrer infecção hospitalar”, afirmou o diretor de Assistência Farmacêutica da Secretaria, Jornildo Porto.
Os fabricantes reclamam que devido à paralisação dos servidores públicos estão retidos nas alfândegas os produtos usados na indústria. O diretor do Comitê de Laboratórios do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo (Sindhosp), Luiz Fernando Ferrari Neto, classificou a situação do setor como “caos”. Em dois dias acabará o estoque de reagentes para identificar as causas de infecções bacterianas.
“O Hospital Anchieta informa que, por conta da greve da Anvisa, já se observa impacto na obtenção de kits para realização de exames de análises clínicas”, afirmou por meio de nota, em resposta a questão do Correio, a direção do hospital privado de Taguatinga. A responsável pelo setor de compras dos 29 hospitais da Amil, Vera Vianna diz que os estoques devem durar 20 dias. E teme que mesmo com o fim da greve o abastecimento não seja normalizado rapidamente.
A Anvisa não reconhece a retenção de medicamentos das aduanas. Por meio de nota, informou ontem que todos os produtos prioritários, como medicamentos, bolsas de sangue e kits para exames de laboratório, estão sendo liberados automaticamente. “Não há produtos retidos em nenhum porto ou aeroporto de São Paulo e Rio de Janeiro, onde desembarcam mais de 70% dos produtos que abastecem o país. Além disso, não há informes de secretarias estaduais ou municipais de Saúde sobre a falta de produtos por conta da greve dos servidores”, afirma a nota.
» BC decide hoje se aceita reajuste Os funcionários do Banco Central adiaram para hoje a decisão sobre se aceitam ou não a proposta de aumento oferecida pelo governo federal. O debate e a votação da pauta era ontem, mas, tendo em vista que várias entidades ainda negociam com o Executivo, os sindicalistas resolveram aguardar mais um dia antes de tomar qualquer decisão. Assim como outras carreiras, os servidores do BC consideraram insuficiente a oferta de reajuste escalonado de 15,8% em três anos e queriam mais. Mas parece que não vai ser possível, segundo já anunciou o Planalto. Pelo clima de ontem, na assembleia da categoria, os servidores dificilmente partirão para a greve.