Fertilização in vitro pelo SUS
Laboratório que atenderá pacientes pelo SUS será inaugurado no início de janeiro pelo Grupo Hospitalar Conceição, na Capital
Casais que se sentem abandonados pela cegonha ganharão mais uma oportunidade de ter filhos via Sistema Único de saúde (SUS). Em 2 de janeiro, o Hospital Fêmina deverá inaugurar um laboratório com o método de fertilização in vitro, em Porto Alegre. Nesta semana, a fila de espera já era de 280 pacientes.
Pertencente ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC), o Fêmina oferecerá o segundo serviço público de fertilização in vitro no Estado – o laboratório do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) atende pelo SUS desde 1991. Coordenadora da Unidade de Reprodução Humana do Fêmina, a médica Andrea Nácul diz que o laboratório terá capacidade para 10 fertilizações in vitro por mês. Também serão atendidos mais 10 de inseminação intrauterina.
Ginecologista e obstetra, com doutorado em Endocrinologia, Andrea fez estágio no laboratório mantido pela Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, cujo porte é similar ao do Fêmina. Entre 2009 e 2010, o Fêmina manteve um laboratório de inseminação intrauterina – procedimento mais simples que o in vitro –, realizando mais de cem gestações. O antigo laboratório foi fechado para reformas, para abrigar o atual.
O ministro da saúde, Alexandre Padilha, deverá participar da inauguração oficial do laboratório do Fêmina, marcada para 16 de janeiro – duas semanas depois do início das operações. Andrea destaca que serão beneficiados os casais estéreis que não podem recorrer a clínicas particulares. Para gerar o chamado bebê de proveta, o custo da fertilização in vitro oscila entre R$ 15 mil e R$ 20 mil.
O SUS ainda não cobre o procedimento da fertilização in vitro, mas o Ministério da saúde reavalia a situação. Andrea diz que o Hospital Fêmina está se antecipando ao que se tornará realidade em breve. Já tem um perfil dos casos de infertilidade. Um dos que mais preocupa, com 23% de incidência, é o fator tubário: obstrução das trompas devido a infecções causadas por Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).
Dados da Organização Mundial da saúde (OMS) indicam que 15% dos casais sofrem de infertilidade – a mulher ou o homem. Dos que estão na fila do Hospital Fêmina, a maioria é da Grande Porto Alegre, mas há casais de municípios distantes.
Fique por dentro
A técnica in vitro é a mais utilizada para tratar a infertilidade
– A fecundação é realizada por embriologistas em laboratório, no mesmo dia da coleta dos óvulos e dos espermatozóides. Justamente pelo fato do encontro dos gametas ocorrer fora do corpo humano, a técnica foi chamada de “in vitro”.
– Há duas maneiras clássicas de realizar a fertilização: mediante o encontro do espermatozóide com o óvulo em ambiente laboratorial ou capturando-se o espermatozóide e injetando-o no óvulo. Após esta fase, é realizada a transferência dos pré-embriões para o útero materno, geralmente três dias após a fertilização. O uso de hormônios nesta fase auxilia o fenômeno da implantação. Doze dias após, é feito o teste de gravidez.
– Caso a mulher não tenha alterações graves, ela pode tentar outros tratamentos antes da fertilização, com o uso de medicamentos ou hormônios para aumentar as chances de gravidez.
COMO ACESSAR
– O casal que quiser consultar no laboratório de fertilização in vitro do Hospital Fêmina deverá seguir os caminhos do SUS. A primeira etapa para o encaminhamento é o posto de saúde do bairro. Não adianta ir direto ao Fêmina.
– As unidades de saúde de Porto Alegre estão habilitadas a marcar consultas para qualquer especialidade, incluindo casos de infertilidade do casal. Em outros municípios, deve ocorrer o mesmo.
– Autoridades recomendam a procura pela unidade de saúde para facilitar o acolhimento, possibilitar um atendimento mais individualizado. A medida também reduz filas e contribui para terminar com a distribuição diária de fichas.
– Para saber a lista de unidades de saúde, ligue para o fone 150 (8h30min às 22h de segunda a sexta-feira).
Zero Hora: 19/12/2011