Governo deve lançar edital para médicos estrangeiros na segunda-feira
Outras medidas devem ser anunciadas, com foco no interior do país e nas periferias das metrópoles
Julia Chaib – Correio Braziliense – 7/07/2013
Reivindicação comum em todos os protestos que tomaram conta das ruas do país nas últimas semanas, a melhoria no atendimento à saúde foi incluída nos pactos anunciados pela presidente Dilma Rousseff como resposta aos manifestantes. Como uma das medidas para resolver os problemas que atingem a área, o governo correu para lançar mais um programa, o Mais Médico, que será lançado amanhã. Entre as medidas, está o edital de chamamento de médicos para trabalhar na saúde da família em cidades pobres do interior e a abertura de vagas em graduações e especializações de medicina, ações em estudo há mais de um ano.
As medidas, entretanto, são encaradas por profissionais e acadêmicos da área como imediatistas, que não creem em uma solução de longo prazo para os problemas da saúde pública em muitas regiões. Na quinta-feira, a reportagem do Correio foi a três cidades do Entorno do Distrito Federal, nas quais constatou que falta de médicos, estrutura precária e horas de espera por atendimento fazem parte da rotina de moradores. Situação que se repete no estado com maior número de municípios do país, Minas Gerais.
Segundo o Ministério da Saúde, a justificativa para levar os profissionais ao interior é que o Brasil tem 1,8 médico por grupo de mil habitantes, uma proporção considerada pequena pelos padrões internacionais e que diminui ainda mais nos rincões mais carentes.
Médica e presidente do Centro de Estudos Brasileiros de Saúde (Cebes), Ana Maria Costa reconhece que as medidas são necessárias e têm méritos, mas lamenta que o pacote do governo tenha deixado de fora um aspecto que, para ela, é decisivo na qualidade do sistema público: o financiamento. “O problema do Sistema Único de Saúde é falta de dinheiro. E, em relação à ida de médicos, é importante lembrar que faltam dentistas, enfermeiros, nutricionistas, entre outros. Se for benfeita, a atenção básica é capaz de resolver mais de 80% dos problemas de saúde.” Para Ana, a abertura de vagas e residências também não resolve estruturalmente o problema da má qualidade do atendimento nas áreas distantes. Quais mudanças incentivarão o profissional a trabalhar na rede pública do interior?”, questiona.