Governo quer parceria com hospitais
O Estado de S. Paulo – 07/03/2012
O governo pretende propor parcerias com hospitais de referência para melhorar o ensino de medicina no País, dentro de um plano para aumentar vagas no curso em cerca de 40%. Entre as instituições às quais serão oferecidas verbas federais para criarem faculdades especializadas de medicina estão o Albert Einstein e o Sírio-Libanês, em São Paulo; o Aliança, em Salvador; o Português, no Recife; e o Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
Por enquanto, a iniciativa é embrionária, disse ontem o ministro Aloizio Mercadante (Educação), que tratou do tema com o ex-ministro Adib Jatene, um dos entusiastas da ideia das faculdades especializadas vinculadas a hospitais de referência, e com a presidente Dilma Rousseff. “Não sabemos ainda a forma como deverá ser negociada a parceria, mas queremos os hospitais do nosso lado ajudando a melhorar o ensino de medicina”, afirmou Mercadante.
Hoje, o Brasil dispõe de 1,8 médico para cada 10 mil habitantes. É um número muito inferior ao de outros países da América Latina, Estados Unidos e Europa. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a relação nos EUA é de 2,4 médicos para cada 10 mil habitantes, na Grã-Bretanha, 2,7, Argentina, 3,0 e Cuba, 6,7.
Para aumentar o referencial de 1,8 para 2,5 médicos a partir de 2020, além de fazer as parcerias com os hospitais de referência, o governo pretende ampliar as vagas para medicina nas universidades federais e fechar convênios com as estaduais e particulares que tenham bons cursos de medicina. Segundo Mercadante, o programa ainda não tem nome, pois este será escolhido pela presidente Dilma. Como um médico precisa de seis anos para se formar, o governo pretende começar a ampliação das vagas nas faculdades já no segundo semestre.
Uma das intenções do governo é fazer com que as faculdades e as residências médicas avancem para o interior – onde hoje há pouca presença de profissionais que tratam diretamente da saúde.
O presidente do Hospital Albert Einstein, Claudio Lottenberg, afirma que não recebeu qualquer contato do governo para discutir o projeto.
A Assessoria de Imprensa do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, afirmou que só soube do caso pela imprensa e disse que o hospital só vai se manifestar quando receber um comunicado oficial.
Roberto Padilha, diretor de ensino do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa, afirma que o tema já saiu em diálogos com o governo federal. “Temos diversas parcerias para aprimorar a formação médica. Mas precisaríamos discutir uma proposta assim”, afirma Padilha, acrescentando que, na sua opinião, seria mais produtivo oferecer auxílio às instituições locais, em vez de criar faculdades partindo do zero. “Já temos um projeto chamado CMIRA que oferecerá capacitação para alunos de diversas faculdades de medicina do País.”