Jairnilson Paim e Sônia Fleury: Austeridade é uma ameça a direitos sociais
Lideranças da Reforma Sanitária abriram debates da tarde no VIII Seminário do Cebes, nesta quinta (31/10), com participação da vice-presidente, Lenaura Lobato, e do economista Carlos Ocké (IPEA)
A política de austeridade que vem sendo imposta ao Brasil é uma ameaça direta às conquistas constitucionais e ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Não é mais possível a combinação entre os princípios redistribuição e acumulação em um momento de crise, em que ‘o velho está morrendo e o novo ainda não teve condições de nascer’ (Gramsci)”, avaliou Sônia Fleury (Fiocruz), ex-presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes).
Palestras de Sônia e Jairnilson Paim (ISC/UFBA), com participação da vice-presidente Lenaura Lobato e do economista Carlos Ocké (IPEA), e mediação do diretor Itamar Lages, abriam os debates da tarde de quinta (31/10) no VIII Seminário do Cebes. As discussões vão subisidiar a construção da tese do Cebes.
A mesa destacou a oposição entre os interesses da população e do capital financeiro. “A disputa dos fundos públicos é uma expressão das lutas de classe, da luta entre capital e trabalho”, ressaltou Jairnilson Paim. Os recursos retirados dos impostos e redirecionados à Saúde privada estão sendo direcionados a uma fração financeira do capital.
Jairnilson destacou a necessidade de politização e mobilização social, apontando direções para sistematizar as ações: momento da crítica, momento do projeto, momento do exame da realidade, organização da ação. É preciso manter a cobrança e o tensionamento para evitar retrocesso nos direitos sociais. O plano plurianual do Ministério da Saúde para o SUS não reflete a 17ª Conferência Nacional de Saúde, apesar do compromissos firmandos pelo governo federal e do investimento na realização da conferência, na avaliação do professor.
A efetividade do processo democrático é uma pauta fundamental para o Cebes. “Construir o SUS foi construir o Brasil”, afirmou Itamar Lages. A vice-presidente Lenaura Lobato destacou que o papel da sociedade civil deve ser de pressionar pela garantia de direitos e avanços sociais.
O debate destacou que governo tem capacidade de mobilização, mas precisa estar disposto a tensionar e ter ação.
Identidade em comum – “A sociedade civil precisa tensionar e pressionar, não pode haver omissão”, ressaltou Sônia Fleury. “As lutas identitárias devem ser coletivizadas e territorializadas, mas precisam ser costuradas como uma identidade comum”, avaliou. Terra, teto, trabalho, comida, transporte e cuidado são bandeiras comuns a toda a classe trabalhadora.
“Precisamos construir um projeto capaz de encantar a sociedade. Nosso trabalho político será trabalhar com esses sujeitos desejantes de ter autonomia, mas mostrando que isso se faz na coletividade. Coletivamente nós somos potência”, concluiu.