José Moroni afirma no Cebes Debate que Brasil precisa construir um novo sistema de poder

No Brasil, a institucionalidade está completamente fechada para as nossas demandas e não tem o nosso reconhecimento enquanto sujeitos políticos. Esta situação está nos jogando para uma estratégia de provocar uma grande ruptura nesta institucionalidade, implodir tudo e a partir daí, ter possibilidades de construir um novo sistema de poder que envolve desde a questão econômica, passando pelo sistema político.

A análise é do filósofo José Antonio Moroni, que participou do programa CEBES Debate desta segunda-feira, 02 de agosto. O programa teve a participação de Lúcia Souto presidente do CEBES, a diretora Ana Costa, a integrante do núcleo do CEBES na Bahia Ester Melo, com José Noronha como mediador.

José Moroni, que tem pós graduação na área da filosofia, história do Brasil, projetos sociais e educação especial, ressaltou que a institucionalidade brasileira se fechou ainda mais durante o período da pandemia. Hoje, os próprios parlamentares e partidos que atuam no parlamento não tem acesso à dinâmica de votação no Congresso e a direita está conseguindo resultados muito positivos para eles.

Para Moroni, que é também membro do colegiado de gestão do INESC (Instituto Nacional de Estudos Sociais) e da plataforma dos movimentos sociais pela reforma do sistema político, nossas instituições democráticas sempre funcionaram e funcionam para manter o pacto que existe para excluir a grande maioria da população.

Ele reconhece que houve muitos avanços com a nova constituição de 1988, sobretudo na área de saúde e nos capítulos relativos a temas sociais, mas muito pouco ou quase nada avançou no enfrentamento das desigualdades de classe, do racismo e do patriarcado.

Para Moroni, é absolutamente necessária a construção de um novo pacto político e econômico que tenha na mesa não apenas os brancos e a elite, mas todos os representantes da imensa diversidade brasileira.

José Moroni falou também sobre o SUS, sobre o projeto político do bolsonarismo que tem “fetiche pela morte” e o processo de criminalização da política. O convidado do CEBES Debate deste dia 02 de agosto falou também sobre as atuais manifestações de rua, mas é preciso avançar ainda mais nas palavras de ordem além do Fora Bolsonaro.

No final do debate, Lúcia Souto lamentou o Brasil não ter se livrado da matriz da escravidão que organiza as relações de poder no país. Ela lembrou que toda vez que o povo brasileiro consegue uma conquista mínima com políticas públicas que, entre outras coisas, mudaram a cor das universidades, há uma forte reação da velha oligarquia contra a democracia. Segundo a presidente do CEBES, não podemos mais evitar este momento de ruptura com estas instituições que nos levaram a esta situação perversa de hoje .

Os programas CEBES Debate são transmitidos, ao vivo, todas as segundas e terças-feiras pelo canal do CEBES no youtube.

Clique aqui para assistir a íntegra do programa CEBES Debate com o professor José Moroni: