Laboratórios terceirizam produção de remédios
Valor Econômico – 05/03/2012
As indústrias farmacêuticas instaladas no país estão intensificando a terceirização de medicamentos. Com o forte aquecimento da demanda no mercado interno, muitos laboratórios contratam empresas do setor para complementar sua linha de produção. O leque é amplo. De efervescentes a comprimidos, xaropes, produtos injetáveis até embalagens são terceirizadas.
“Nos últimos cinco anos, o mercado farmacêutico brasileiro mais que dobrou”, afirmou Sérgio Frangioni, presidente da Blanver. Fundada em 1980, como um laboratório farmoquímico produtor de excipientes (contempla todos os itens de um comprimido, exceto o princípio ativo), a empresa passou a se dedicar à terceirização na década seguinte. Nos últimos meses, o negócio começou a ficar mais aquecido.
A entrada de novos grupos farmacêuticos no país e a expansão dos negócios das unidades que já operam no mercado impulsionam novos contratos. “Estamos em negociação, neste momento, com outros laboratórios para aumentar nossa produção de medicamentos para terceiros”, disse Frangioni. Em 2007, a Blanver decidiu que era o momento de produzir seus próprios medicamentos, mas sem renegar suas origens. Atualmente, a companhia presta serviço para 25 laboratórios.
“A vantagem para uma empresa que terceiriza a produção é a redução de seus custos fixos, uma vez que diminui sua capacidade ociosa. Além disso, há maior ganho de margem. Para quem contrata, o risco do investimento torna-se menor, considerando que o aporte na construção de uma nova linha de produção ou mesmo em uma fábrica dedicada a determinado produto é muito grande”, disse Nelson Mussolini, vice-presidente executivo do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos de São Paulo).
O investimento de uma farmacêutica em uma nova linha de produção fica entre R$ 15 milhões e R$ 50 milhões (para medicamentos de alta complexidade), segundo levantamento de especialistas do setor. Essa estimativa é feita com base em uma unidade farmacêutica já em operação. As empresas que prestam esse serviço passam por rigorosa fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em 2011, o setor farmacêutico movimentou R$ 42,78 bilhões, um crescimento de 18% em relação a 2010, de acordo com a consultoria IMS Health. Em 2005, o faturamento do setor era de R$ 18,9 bilhões. A expectativa para 2012 é de que a expansão fique entre 10% e 15%.
Um dos maiores grupos nacionais, a Eurofarma tem atualmente contratos com 40 empresas, o que inclui desde o fornecimento de embalagens e medicamentos para saúde humana e até veterinários. “A Eurofarma começou suas operações [em 1972] como uma tercerizadora de medicamentos. Hoje, a terceirização é um de nossos segmentos de negócio”, disse Taciana Salomão, diretora industrial da companhia. O mais recente contrato foi fechado com a MSD (Merck & Co) para a produção de uma linha de hormônios. O laboratório também industrializa produtos de higiene pessoal e remédios veterinários em sua divisão de saúde animal.
A sul-africana Aspen, controladora da Aspen Pharma Brasil, fechou recente contrato com três laboratórios para sua produção de medicamentos líquidos, afirmou Alexandre França, presidente da companhia no país. “Em nossa fábrica, no Espírito Santo, não temos equipamentos para a produção de líquidos”, afirmou o executivo. Segundo ele, as empresas Hebron, Blanver e Bioativos são responsáveis pela produção desses medicamentos.