Lançada campanha para incentivar doação de leite materno
Do Portal Brasil
Meta é aumentar em 15% volume de leite coletado no País e estimular o ato de doação
O ministro da saúde, Arthur Chioro, lançou, nesta quinta-feira (22), no Rio de Janeiro, a campanha nacional de doação de leite humano 2014. Com o slogan “Quando você doa leite materno, doa vida para o bebê e força para a mãe”, a campanha deste ano tem como meta aumentar em 15% o volume de leite coletado no Brasil, ampliando o número de bebês beneficiados. Em 2013, o total coletado foi de 174.493 litros.
No último ano, houve redução no número de mulheres que doaram seu leite. Em 2013, foram 159.592 voluntárias contra 179.113 no ano anterior. Durante a solenidade desta quinta-feira, o ministro ressaltou que a expectativa do governo e das instituições empenhadas nesta campanha é aumentar o número de mães doadoras. Segundo ele, embora tenha ocorrido um crescimento nos últimos anos de 27% no número de doadoras, de 2012 para 2013, foi registrado redução no número de voluntárias. “Faço um apelo às mulheres que passam pela experiência da maternidade e produzam leite, que procurarem um dos postos de coleta. Esta voluntária está fazendo um gesto de amor e solidariedade em benefício a outras mães que, infelizmente, não conseguem amamentar”, afirmou o Chioro.
O ministro ressaltou as vantagens do leite materno, não apenas para a redução da mortalidade infantil, como também na qualidade de vida e na defesa das crianças contra uma série de doenças. Apesar da queda no número de doadoras, o volume de leite doado por cada mãe vem crescendo. Tanto que, entre 2010 e 2013, houve um aumento de 12% no total de recém-nascidos atendidos, chegando a 177.450.
Os bancos de leite figuram entre as principais iniciativas do Ministério da Saúde para a redução da mortalidade infantil, inseridos na estratégia da Rede Cegonha. Cada litro de leite pode atender até 10 recém-nascidos internados por alimentação, dependendo da necessidade. Toda mulher que amamenta pode doar leite materno para atender a demanda de bebês prematuros e de baixo peso.
Para fazer a doação, as mães lactantes podem solicitar orientação diretamente ao Banco de Leite Humano mais próximo da sua residência. A equipe vai até a casa da doadora, fornece todas as instruções e leva os frascos adequados para o armazenamento. Guardando o leite em casa, de acordo com a própria disponibilidade e no máximo até 10 dias após a coleta, basta a doadora solicitar a retirada do leite em sua casa. Qualquer quantidade é importante para a vida dos bebês, já que 1 ml de leite é suficiente para impactar na vida do recém-nascido.
Referência
O modelo do Banco de Leite Humano brasileiro é referência internacional. Desde 2005, o Brasil exporta as técnicas de baixo custo para implantar bancos de leite humano em 23 países na América Latina, Caribe hispânico, Península Ibérica e África. Na América do Sul, três países – Uruguai, Venezuela e Equador – receberam as primeiras tecnologias transferidas.
Logo depois, foram instalados em Portugal e na Espanha os primeiros bancos no modelo brasileiro. O primeiro país africano a adotar o sistema foi Cabo Verde. Missões da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano/Fiocruz estiveram em Moçambique e Angola em 2010 e 2011, onde já existem projetos em fase de implantação.
Para a rede brasileira, o Ministério da Saúde destinou, desde 2011, mais de R$ 7 milhões ao custeio, reforma e construção dos bancos de leite. Neste ano, está previsto R$ 894 mil na capacitação de profissionais para atuação em Banco de Leite Humano, promoção do aleitamento materno e desenvolvimento do sistema de informações integradas.
Madrinhas
A campanha deste ano conta com duas madrinhas, uma mãe doadora e outra receptora. A campanha enfatiza que o leite doado serve para salvar a vida de recém-nascidos prematuros e internados que não podem ser amamentados pela própria mãe. Com o leite humano, o bebê fica protegido de infecções e diarreias, cresce com mais saúde, ganha peso mais rápido e fica menos tempo internado.
As madrinhas da campanha são Andréa Santa Rosa, casada com ator Márcio Garcia, e Rany Souza. Com quatro filhos, Andréa é doadora de leite materno, mas precisou da doação quando o último filho, João, nasceu prematuro. Rany Souza é receptora, mãe de Isabela, que também nasceu prematura e esteve internada na UTI neonatal do IFF/RJ na semana em que a campanha foi produzida e já obteve alta.
“Como nutricionista, sei muito bem a importância do aleitamento materno. Ele é único e exclusivo, não precisa dar água, chá e tem todos os nutrientes fundamentais para a criança, além de ser um alimento de fácil digestão”, enfatizou a madrinha Andrea Santa Rosa, na solenidade desta quinta-feira. Durante a mobilização, que será realizada até o dia 18 de maio de 2015, o Ministério da Saúde irá distribuir um milhão de folders e 40 mil cartazes com as mensagens de incentivo à doação.
Prêmio
No evento, foi anunciado o Prêmio Jovem Pesquisador da Rede BLH que tem como objetivo incentivar estudantes universitários ou graduados, com até 10 anos de formação, para o envio de trabalhos que poderão contribuir no fortalecimento das ações. Foram entregues, ainda, certificados para profissionais colombianos e brasileiros formados no Curso EAD de Processamento e Controle de Qualidade do Leite Humano Ordenhado. A ação integrada do Ministério da Saúde e da Fiocruz com a Agência Brasileira de Cooperação possibilitou que a RedeBLH estabelecesse uma cooperação com os 23 países nas regiões da América Latina, Caribe, Península Ibérica e África. O objetivo do curso é formar multiplicadores para viabilizar a transferência da tecnologia dos bancos do Brasil a outros países.
O governo federal lançou, em 2011, a estratégia Rede Cegonha, que tem como uma das principais metas incentivar o parto normal humanizado e intensificar a assistência integral à saúde de mulheres e crianças. Atualmente, a Rede Cegonha está presente em mais de cinco mil municípios de todos os estados do País, e atende a 2,6 milhões de gestantes. Desde o lançamento da Rede, já foram investidos mais de R$ 3,3 bilhões.
O Brasil reduziu em 77% a taxa de mortalidade na infância (menores de cinco anos), de acordo com o relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). No período de 1990 a 2012, o número de óbitos passou de 62 a cada mil nascidos vivos para 14 mortes, nesta faixa etária. Com isso, o Brasil alcançou o índice de redução definido pelas metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM 4), em relação à mortalidade na infância, três anos antes do prazo estabelecido.