Lembrando Cecilia Donnangelo, no Dia Internacional da Mulher

Apesar da banalização que a sociedade de consumo transformou o Dia Internacional da Mulher, o 8 de março tem o significado da consciência e luta por direitos. Promovidas a cidadãs de segunda categoria pelo patriarcado que dominou o processo histórico da civilização, as mulheres foram vítimas das desigualdades de direitos e poderes. As mudanças registradas hoje, são frutos da indignação e luta de muitas mulheres que passaram pelo planeta, muitas delas anônimas.Rompendo as barreiras da discriminação, as mulheres  têm, a cada dia, contribuído e iluminado o mundo em múltiplos e diferentes espaços e lugares.

A  presença das mulheres trabalhadoras na saúde transformam em feminina a paisagem do setor. Hoje elas são a maioria entre docentes, pesquisadoras, estudiosas, assistentes, ativistas e conselheiras . Mas ainda há desequilíbrio nos lugares de mando e poder, na gestão da saúde.

Se no quantitativo persistem desigualdades, a contribuição das mulheres é de alta qualidade e importância na construção das bases da reforma sanitária que pautou a saúde como uma questão para a democracia  garantindo o direito à saúde.

É por isso que hoje o Cebes homenageia todas as mulheres que contribuíram e contribuem para essa luta e, para isso lembramos de Maria Cecilia Donnagelo, pioneira na formulação do pensamento da saúde e da educação médica no Brasil. Ela nos alertou sobre as mudanças no padrão do trabalho e da profissão médica no Brasil dos anos 70 quando a medicina de mercado provocou a perda da condição de profissional liberal.

Como Everardo Nunes registrou, Cecilia Donnagelo caracteriza a atenção médica como “uma mercadoria suscetível de circular como um autêntico valor de troca”, ou seja, “é um produto que não desaparece ao ser consumido”, mas “eleva o nível da força de trabalho ou contribuir para sua manutenção, no quadro de uma reprodução”. Assim, a saúde não pode ser encarada “como um setor terciário qualquer, um processo de comercialização, de publicidade, um serviço”.

Cecilia morreu precocemente, mas sua obra interrompida é imprescindível para a compreensão das mudanças propostas pela Reforma Sanitária.  Para os que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer sua obra , divulgamos abaixo alguns links importantes e o arquivo em pdf de um texto de julho de 1985 da Revista Saúde em Debate que dedicou a capa do número 86 à Cecilia e na seção memória publicou uma homenagem à professora, cuja obra se tornou fundamental no estudo da Assistência Médica.

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232008000300013&script=sci_arttext

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/contribuicoes_pragmaticas_rh.pdf

Download do arquivo “Cecilia Donnagelo”