Lúcia Souto defende a vacinação de crianças contra a Covid-19 e diz que governo federal sabota imunização pediátrica

A presidenta do Cebes, Lúcia Souto, defendeu à rádio Brasil Atual na manhã da última segunda-feira (21) a vacinação de crianças contra a Covid-19 e disse que a regularização da distribuição de doses do imunizante é essencial para proteger esse segmento da população. Segundo a médica sanitarista, a baixa adesão nesse momento pelas crianças à vacinação se deve à sabotagem do governo federal, por conta dos entraves colocados pelo Ministério da Saúde.

Nota técnica do Observatório Covid-19 da Fiocruz aponta que a apenas 21% das crianças de 5 a 11 anos tomaram a 1a dose do imunizante no Brasil.

O Ministério da Saúde deu início a vacinação para crianças de 5-11 anos em janeiro de 2022, estimando um público de cerca de 20 milhões de crianças nessa faixa etária. Cada criança deverá receber duas doses do imunizante com intervalo de 8 semanas entre a primeira e a segunda dose. O ínicio da campanha para essa faixa etária aconteceu mesmo após ataques do presidente da república à vacinação e a servidores da Anvisa que atestaram a segurança dos imunizantes. Houve também tentativas do ministro da Saúde Marcelo Queiroga de colocar barreiras, como uma criar uma consulta pública para a população se posicionar a favor ou contra a vacinação de crianças, além de tentar criar uma exigência de atestado médico para que pessoas de 5 a 11 anos possam se vacinar.

A Frente pela Vida denunciou esse descaso em duas notas públicas: Frente pela Vida repudia consulta pública para vacinar crianças de 5 a 11 anos contra Covid-19 e apoia servidores da Anvisa e O Brasil precisa proteger suas crianças!. “Não há o porquê de o Ministério da Saúde ficar colocando esse tipo de dificuldade para a população brasileira“, frisou Lúcia à rádio Brasil Atual.

A presidenta do Cebes aponta também a falta de doses suficientes do imunizante necessárias para atender toda a população-alvo dessa nova etapa da vacinação contra o SARS-Cov-2. Ela lembra que a vacinação pediátrica contra a pandemia já foi interrompida duas vezes no Rio de Janeiro por falta de doses. Lúcia acredita que, assim que houver disponibilização em massa de vacinas para crianças, o panorama apontado pelo Observatório Covid-19 da Fiocruz mude de cenário para melhor. Ela rechaça também qualquer boato e notícia falsa sobre a confiabilidade dos imunizantes: “Além da Anvisa, foram aprovadas por agências do mundo inteiro“.

A médica sanitarista defende medidas adotadas por São Paulo e Rio de Janeiro de criar pontos de vacinação em escolas. “A falta de acesso à vacinas é a principal barreira, né? Facilitar o acesso dessas crianças nas escolas (aos imunizantes) pode ser realmente algo fundamental pra atingirmos a meta de proteger todo esse público infantil“.

Sobre a variante Ômicron do vírus da Covid-19, Lúcia acredita que no cenário atual o Brasil chegou num platô de casos, que deverá se manter estável pelas duas próximas semanas. A partir daí, o número de casos começará a registrar queda. “É importante que 80% das internações atuais na UTI são de pessoas que não completaram o ciclo vacinal. É o que a gente chama até da epidemia dos não-vacinados“.

A solução para o fim da pandemia é que a população brasileira complete o ciclo vacinal, incluindo dose de reforço. E, enquanto isso não acontecer, manter o uso de máscaras em espaços públicos e evitar aglomerações.

Veja a entrevista no link ou a seguir: