Lúcia Souto elogia a possível escolha de Nísia Trindade para o Ministério da Saúde
Nesta quarta-feira (21), a presidenta do Cebes, Lúcia Souto, deu entrevista à rádio Brasil Atual para falar sobre a possível escolha de Nísia Trindade para ser a titular do Ministério da Saúde e o trabalho do grupo de trabalho da Saúde da equipe de transição do governo Lula, a importância dos conselhos de saúde, dentre outros assuntos. Durante a conversa, a sanitarista fez um breve resumo do cenário encontrado e os desafios na saúde a partir de 2023 para o governo eleito.
O noticiário político aventa o nome de Nísia Trindade, atual presidenta da Fundação Oswaldo Cruz, como possível titular do Ministério da Saúde no governo Lula. Lúcia aprova a escolha. “Nísia foi uma extraordinária presidenta da Fiocruz na hora que o País mais precisou da Saúde Pública que foi no contexto da pandemia, a mais grave catástrofe sanitária que nós atravessamos. Se for ela a escolhida, o Brasil terá muito a celebrar porque tem todas as credenciais para ocupar o cargo de Ministra da Saúde“.
A presidenta do Cebes foi integrante do grupo de trabalho da Saúde, da equipe de transição do governo eleito. Para ela, o ponto mais importante do relatório entregue é a recomendação da recomposição do orçamento da pasta da Saúde. Para isso, é importante a aprovação da PEC da Transição, que vai ajudar a recomposição em R$ 22,7 bilhões do orçamento do Ministério da Saúde. “Isso é fundamental para dar conta dos desafios dos primeiros 100 dias para reestruturar o programa nacional de imunização, que foi completamente destruído por esse governo. O governo atual não tem informações claras sobre o estoque de vacinas e quais vacinas estão perto de vencer. Descobrimos que 3 milhões de doses de vacinas vão vencer ainda esse ano e pelo menos 10 milhões que podem estar vencendo no início do ano que vem“.
Lúcia aponta que a recomposição do orçamento da Saúde vai ajudar também em políticas para tratar um problema que se agravou nos últimos anos: a fome. “Houve aumento significativo de bebês internados por desnutrição”. Outro problema grave é o desabastecimento de remédios. “Cerca de 95% dos municípios brasileiros informam a falta de medicamentos básicos, desde dipirona até remédios para hipertensão”. Segundo ela, o desmonte dos últimos anos também afeta o diagnóstico de doenças, como câncer. A Saúde Indígena está em alerta, assim como a saúde da população negra. “É necessária a reestruturação da Atenção Básica, a reconstrução da Saúde Mental e a recomposição da saúde da família com provimento de profissionais”.
Outro desafio para o governo eleito, é a rearticulação entre o Ministério da Saúde e os governos estaduais e municipais, “que é absolutamente estratégica para fazer pactuações que possam ser imediatamente articuladas nacionalmente“. Para Lúcia, o SUS resistiu ao governo Bolsonaro porque o Sistema de Saúde tem em seu DNA a participação da sociedade.
Por fim, ela lembrou que em 2023, o Conselho Nacional de Saúde vai promover a 17a Conferência Nacional de Saúde. “Queremos que seja muito participativa, com capilaridade para além dos conselhos municipais e estaduais de saúde. Estamos incentivando as conferências livres. Sociedade tem que se apropriar do que é fundamental para enfrentar suas necessidades de saúde. É a população que sabe quais são as prioridades e necessidades de saúde para que isso se reflita na construção de um Plano Nacional de Saúde participativo, que tenha como espelho a necessidade de saúde da população brasileira. Queremos construir uma participação popular no orçamento. Nós, da saúde, estamos trabalhando para ter orçamento participativo que reflita as necessidades de saúde da nossa população“.
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